O problema da violência enfrentada no País, e não é diferente no Ceará, voltou a motivar discussão, ontem, na Assembleia Legislativa. Deputados cobraram dos candidatos ao Governo do Estado, nas eleições deste ano, e também daqueles que disputam o cargo de presidente da República, propostas efetivas de combate à violência, que ajudem a reduzir a "matança". Opositores à gestão estadual criticaram o uso intensivo da força policial, em detrimento de políticas sociais.
O deputado Heitor Férrer (SD), durante discurso, criticou a exaltação que o Governo do Estado faz do crescimento dos indicadores econômicos no Ceará, na medida em que a violência continua frágil e com dados alarmantes. "O governador do Estado canta em verso e prosa que o PIB (Produto Interno Bruto) do Ceará aumentou em percentual maior que o PIB do Nordeste e mais do que o PIB do Brasil, e o FIB (Felicidade Interna Bruta) é só piorando. Para que é que adianta essa riqueza?".
Para Férrer, muitas pessoas se envolvem com o crime porque não tiveram a "presença" do Estado, "em termos de escola de qualidade, de saneamento básico, postos de vacinação, atendimento médico, moradia, emprego, renda. Para muitos deles, a primeira vez que o Estado se apresentou foi em forma de Polícia, em forma de juiz, em forma de promotor, em forma de cadeia, que não recupera".
O deputado Renato Roseno (PSOL) ressaltou também, ao apartear a fala de Férrer, que o "modelo baseado em reatividade", adotado no Estado, coloca em risco a vida dos próprios profissionais de segurança. O deputado Ely Aguiar cobrou propostas dos candidatos. "Estamos numa disputa eleitoral e eu não vejo, e isso me entristece, um programa de Governo ser apresentado para reduzir a matança de pessoas no território brasileiro. Temos que nos aprofundar nessa questão da violência".
Os aliados do Governo, presentes à sessão de ontem, não questionaram as críticas feitas pelos oposicionistas.