Dúvida sobre forças federais não houve em outras eleições
O governador Camilo Santana (PT) está em dúvida sobre o pedido do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) e do Ministério Público para que tropas federais atuem na segurança do Ceará. Ele se reuniu ontem com a presidente do TRE-CE, Nailde Pinheiro, e informou que órgãos de segurança do Estado e o tribunal avaliarão a necessidade de pedir apoio. Na última sexta-feira, 24, o governador sinalizou que prefere que a Polícia cearense cuide do assunto. "Temos no Ceará um efetivo de mais de vinte mil policiais, que tem feito um grande trabalho, e que confio muito".
Se for essa a situação, será a primeira vez nas últimas três eleições em que o Estado não terá reforço federal. No segundo turno da eleição de 2016 em Fortaleza, Camilo foi favorável e houve reforço federal. E olhe que, na ocasião, havia eleição apenas na Capital e em Caucaia. A Polícia não tinha o Estado inteiro para dar conta. Na ocasião, Roberto Cláudio (PDT) enfrentava o Capitão Wagner (Pros) e havia visível temor em relação a ascendência deste último sobre a tropa. Em 2014, quando Camilo foi eleito, o então governador Cid Gomes (PDT) foi também a favor da presença federal. E citou explicitamente o Capitão Wagner como "instigador" de postura parcial da PM no primeiro turno daquela eleição.
Vale lembrar que, nas eleições passadas, o problema das facções criminosas nem de longe era tão grave quanto agora. Era, inclusive, recorrentemente negado. A dúvida sobre a presença federal vai de encontro ao que - com razão - defende o governador Camilo Santana. Ele que sempre cobra que o Governo Federal assuma papel na segurança.
O único fator que mudou para justificar que tenha havido reforço federal antes e não agora é político: com a entrada de André Costa na Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a tropa é menos hostil ao governo e menos suscetível à influência do Capitão. Não me parece que esse devesse ser o fator, antes, para determinar o pedido de ajuda da União antes, ou para rejeitá-lo agora.