Candidato do partido de Jair Bolsonaro para disputa ao Governo do Ceará, Hélio Góis (PSL) afirmou que estaria disposto ao sacrifício da própria vida para enfrentar a disputa eleitoral no Ceará, que comparou como uma "guerra desleal". As declarações foram dadas durante discurso realizado ontem na convenção estadual da legenda, na Assembleia Legislativa.       "Ainda que seja desleal, é uma luta digna de ser travada e, por essa luta, pelo exemplo, estou disposto ao sacrifício da própria vida, se necessário for", disse ao grupo de espectadores que reagiam com aplausos a cada vez que o nome do candidato à Presidência Jair Bolsonaro era citado.       Hélio evocou valores cristãos, classificou a carga tributária do Estado como "imoral" e fez críticas ao atual governo de Camilo Santana (PT). "Não podemos tolerar que a insegurança pública que existe no nosso Estado continue. Não estamos em festa. Não venho aqui dar boas novas porque estamos com propósito de tomada de poder exata e precisamente porque esse que aí está não nos representa".       Disputando pela primeira vez uma eleição, Góis é advogado e professor universitário. Terá como candidata a vice a também advogada Ninon Elizabeth Tauchmann, que disse partilhar com o companheiro de chapa a admiração por Bolsonaro. "Comungamos das opiniões, dos princípios e das ideias de Bolsonaro e entramos nessa luta desigual", resumiu. A convenção oficializou ainda dois nomes para o Senado, ambos do PSL: Pastor Pedro Ribeiro e Márcio Pinheiro.       Isolado na corrida presidencial, sem avançar em alianças partidárias para a disputa e ainda com vice pendente, a estratégia do partido de Bolsonaro foi indicar nomes para a disputa ao Governo nos estados para poder garantir palanque. A chapa do PSL foi desenvolvida sob essa perspectiva.       Para o presidente estadual do PSL, Heitor Freire, a candidatura própria ao Governo foi proposta para demonstrar independência partidária. "Queremos algo novo. Não queremos nos alinhar a partidos de esquerda, como o PT e o PSDB", disse unindo os dois partidos considerados de campos opostos.       Conforme o dirigente, o distanciamento entre os partidos do chamado "centrão" e Bolsonaro também dificultaram a formação de alianças locais. "Muitos, conhecendo nossa postura, não nos procuram mais", disse. Apesar disso, para a disputa proporcional, o PSL homologou coligação com a Democracia Cristã (DC), antigo PSDC, presidido no Estado pelo deputado estadual Ely Aguiar.       "Estamos aqui para defender a família, lutar contra os princípios ideológicos, como a ideologia de gênero. É um grupo de que se assemelha ideologicamente muito com o nosso", afirmou Freire.       A coligação lançou 69 candidatos a deputado estadual, sendo 39 do PSL e 30 da DC. Para deputado federal, serão 33 candidatos divididos entre 20 do PSL e 13 da DC.       BASTIDORES       Oração e hino   Antes do início da convenção estadual, o deputado estadual Ely Aguiar (DC), que presidiu o evento, convocou a plateia para cantar o hino nacional brasileiro. Após o momento, todas as pessoas foram convidadas a darem as mãos para participar de uma oração.       Público   Recheado de militantes pró-Bolsonaro, a plateia contou com pessoas vestidas com roupas em alusão ao Exército Brasileiro e com imagens do candidato. Faixas e bandeiras de apoio ao militar também foram levadas. A cada citação do nome de Bolsonaro, gritavam repetidas vezes a palavra "mito".       Insatisfação   O evento durou pouco mais de duas horas e não teve espaço para apresentação dos candidatos a deputado estadual e federal, apenas alguns foram citados. Ao final, alguns candidatos se queixavam pelo evento não ter permitido a fala de todos.