Representantes de partidos de esquerda estão preocupados com o desânimo do chamado eleitor crítico, aquele do voto consciente. Com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a queda de representatividade de gestores municipais petistas, em 2016, representantes desse espectro ideológico temem perder eleitores e, consequentemente, aumentar o número daqueles que negociam votos em troca de benesses.
Para o deputado Renato Roseno (PSOL), o polemismo conservador é uma "cortina de fumaça" que tira o foco da questão fundamental que deveria ser discutida: a pauta econômica. Segundo ele, as políticas econômicas do Governo Michel Temer (MDB) pioraram a vida das pessoas.
O socialista afirmou também que é preciso enfrentar a desmoralização da política que acometeu, em especial, o "petismo" e que as demais legendas de esquerda devem se posicionar para um novo ciclo político no País. Para ele, "o desalento não pode gerar um abstencionismo que diminua as frações mais progressistas nos parlamentos", porque, conforme avalia, isso pode fazer com que surjam mais frações ultraconservadoras. "Precisamos de uma oposição de esquerda".
O deputado Manoel Santana (PT), por sua vez, acredita que, apesar das dificuldades que a esquerda poderá enfrentar no pleito, há um espaço a ser trabalhado, principalmente, após a execução de políticas econômicas da gestão Temer.
Polarização
"Existe uma polarização nítida entre esquerda e direita, esta ocupando feição nitidamente fascista, e há um grupo grande de eleitores muito confuso. O PT, muitas vezes, tem vacilado na condução de sua política de mobilização social, tem dificuldades de estar à frente das lutas dos movimentos sociais", disse.
Para Elmano de Freitas (PT), "a esquerda foi construída na discussão de ideias e, na medida em que as pessoas deixam de acreditar que candidatos têm compromisso com ideias, elas pensam que ninguém tem compromisso com ideia alguma, e isso é errado". Segundo ele, com o crescimento, no imaginário popular, da ideia de que ninguém tem compromisso com ideia alguma, há um aumento do voto pela troca e, com isso, a diminuição do voto consciente. Elmano acredita que isso será revertido quando "tivermos uma sociedade mais participativa".
Já Carlos Felipe (PCdoB) pregou que as candidaturas ideológicas devem convencer o eleitorado consciente da importância do voto. "Pessoas comuns estão debatendo em alto nível a política. O interessante dessa eleição é que todo o problema que ocorreu após o golpe e a prisão do ex-presidente Lula levou a um debate em nível nacional e elevou o nível de consciência das pessoas", opinou o deputado.