De passagem por Fortaleza, o presidenciável do PSL Jair Bolsonaro respondeu às provocações do pré-candidato Ciro Gomes (PDT) na corrida eleitoral. Em entrevista, o ex-capitão do Exército disse que não é “psiquiatra para conversar com doido”, referindo-se ao pedetista.
Um dia antes, o ex-governador do Ceará havia chamado Bolsonaro de “fascista” e “tosco” e dito que o militar “não é homem suficiente” para comparecer aos debates.
Sobre o assunto
Líder das pesquisas de intenção de voto nos cenários sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro foi recebido por multidão no Aeroporto Internacional Pinto Martins.
De lá, fez ato na Praça Portugal e seguiu para hotel na Praia de Iracema, onde recebeu a imprensa para uma entrevista coletiva.
“Ele (Ciro) está falando palavrões a meu respeito. Não tem condições. Vai me desnudar, botar no chão nos debates. É disputa política ou vestibular?”, perguntou o pré-candidato.
“Um elemento que disse há pouco que a Venezuela é uma democracia assim como os EUA? Tem que dar risada. Vai debater o quê? É a favor do Estatuto do Desarmamento, mas vai receber o Moro na bala?”, ironizou.
Nas últimas semanas, Ciro tem tentado polarizar com o deputado federal na tentativa de melhorar seus índices de voto nas pesquisas. A mais recente, do Ibope/CNI divulgada ontem, aponta o ex-capitão do Exército à frente em simulações nas quais o nome de Lula não é testado, aparecendo com 17% das intenções, empatado tecnicamente com Marina Silva, da Rede, com 13% — a margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Na mesma sondagem, Ciro tem 8% e Geraldo Alckmin (PSDB), 6%.
Na Capital, Bolsonaro também negou que não irá participar das sabatinas e debates durante a campanha. “Eu sou um patinho horroroso e cheguei aqui pregando a verdade em todo o Brasil. Vou participar de todos os debates”, afirmou. “Não tenho nada que temer em debate. Tem muita coisa que não sei. Os que sabiam de economia afundaram o Brasil”.
O pré-candidato criticou ainda o postulante tucano ao Governo do Ceará, General Theophilo. “Theophilo é meu amigo de muito tempo. Não é só do tempo de academia. Lamento que, no final da carreira, ele se prestar a esse papel de apoiar o Alckmin, que quer desgastar mais ainda a carreira militar”, disse.
Alvo de duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidenciável admitiu que pretende dobrar o número de ministros da Corte de 11 para 21 a fim de garantir maioria a um eventual governo.
“O Supremo é outro problema, é outra história. Vamos passar pra 21 (ministros) pra gente botar dez lá do nível do Sergio Moro. Pra poder termos a maioria lá dentro. Governar com um Supremo desses aí é complicado”, avaliou. “Isso pra você ter um Supremo que não envergonhe a população brasileira”.
BASTIDORES
CAPITÃO WAGNER
Presente durante toda a agenda do presidenciável Jair Bolsonaro em Fortaleza, o deputado Capitão Wagner (Pros) voltou a afirmar que não tem compromisso com a candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência da República. “Nosso compromisso com o PSDB é com o General Theophilo, apenas isso”, afirmou.
BARRADO NO PALANQUE
Durante a manhã de ontem, no ato de recepção de Bolsonaro ainda no Aeroporto Pinto Martins, o deputado federal Cabo Sabino (Avante) não conseguiu subir no trio elétrico onde estava o militar e o deputado Capitão Wagner. A entrada do parlamentar, aliado do governador petista Camilo Santana, não foi liberada pelos seguranças do presidenciável.
HENRIQUE ARAÚJO