A diversidade de partidos que compõe a base aliada do governador Camilo Santana (PT) pode garantir certa segurança para a reeleição, mas também impõe esforço para equilibrar disputas localizadas nos municípios. Abrangendo 24 dos 35 partidos políticos registrados no Brasil, Camilo Santana já enfrenta problemas para encaixar em um mesmo palanque oposição e situação em cidades do Interior. A questão tende a ampliar quanto mais perto estiver da campanha.
Em Iguatu, no último dia 10, o deputado estadual Agenor Neto (MDB), que disputa acirradamente votos com Mirian Sobreira (PDT) na região, foi vaiado por se fazer presente em uma inauguração de escola na Cidade. Por lá, os dois deputados estão longe de conseguir dividir o mesmo espaço, ainda que compartilhem louros à gestão de Camilo.
“Não existe a menor possibilidade de eu dividir palanque com o Agenor. Essa ideia de ‘palanque institucional’ serve para dar mais raiva e causar mais acirramento e discórdia”, enfatiza a deputada Mirian Sobreira.
Para ela, o caso de Iguatu serviu como teste para o Governo do Estado não insistir pela união no palanque de adversários onde a disputa política nos municípios são mais acaloradas. “Lá, somos água e óleo. Não tem condição de juntar. Defendo que cada um faça sua campanha isolado, ainda que acompanhando o Governo. Querer juntar só servirá para causar constrangimento”, considera a parlamentar.
Em Granja, Gony Arruda (PP) disse que viveu no pleito passado a experiência de as alianças estaduais esbarrarem em dificuldade local. Ele prevê que a situação se repetirá. “Conseguimos contornar a situação. Cada um fez a sua campanha e a grande maioria dos votos foi para o governador”, disse o deputado, que defende o caso de Granja como exemplo para as demais cidades.
Conforme publicado pelo O POVO, o deputado José Sarto (PDT), vice-líder do Governo, estimava que essas divergências municipais na base de Camilo oscilassem entre 10% a 15% das cidades que apoiam o petista. Isso, na avaliação do parlamentar, demandaria “maturidade política” para evitar rachas.
Dedé Teixeira (PT) admite que a situação impõe ao governador a habilidade política de administrar constrangimentos, mas defende que os adversários estão unidos em torno do governador. “A gente tem conseguido nesses municípios juntar oposição e situação em cima do mesmo palanque, mesmo que, depois de descer, eles briguem”, considera.
Para o deputado estadual, as dificuldades dependem muito da capacidade de diálogo entre as lideranças. “Tem lideranças que, mesmo com raiva, aceitam estar no palanque. A gente coloca, mesmo sofrendo”, disse. O parlamentar diz que os casos já estão sendo articulados pelo Governo através do secretário da Casa Civil, Nelson Martins.
Em conversa por telefone na tarde de ontem, Martins minimizou a questão, dizendo que este assunto ainda não foi debatido, em suas particularidades, com os partidos. “Isso não vai atrapalhar nossa atuação. Nós vamos trabalhar essas alianças levando em consideração esses casos. Essa situação não está sendo fácil desde 2016, mas não estamos tratando ainda da situação eleitoral”, esquivou-se o secretário, embora admita que tem conversado com prefeitos.
RÔMULO COSTA