O crescimento da taxa de mortes de crianças e adolescentes no País motivou discursos de alguns parlamentares, ontem, na Assembleia Legislativa. Isso porque os últimos dados divulgados pelo Observatório da Criança e do Adolescente, mantido pela Fundação Abrinq, mostram que houve um crescimento de 11% nos índices de mortalidade infantil em 2016, após 13 anos de queda. A deputada Rachel Marques (PT) alertou para os cortes de recursos públicos e de determinados programas sociais, apontados por ela como fatores que influenciaram o aumento das mortes infantis.
De acordo com o levantamento, o número de óbitos na faixa etária de um mês de vida a quatro anos aumentou 11%. Já entre os nascidos até um ano de idade, o aumento das mortes representa cerca de 2%. Apesar de o Ministério da Saúde ainda não ter consolidado a taxa de mortalidade infantil oficial em 2016, o Observatório da Criança e do Adolescente indica uma piora no índice, de 12,7 mortos em cada mil nascidos vivos naquele ano contra 12,4 em 2015.
Rachel Marques chamou atenção para os cortes de recursos públicos e de programas sociais que, segundo ela, estão entre os fatores responsáveis para o retrocesso nas estatísticas. A petista lembrou que, em 2012, o Brasil foi um dos signatários dos objetivos do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), que incluem "aplicar políticas públicas para redução da mortalidade infantil".
Políticas
"Esse resultado é uma vergonha para o País, que vinha com uma redução sucessiva das taxas tanto no governo Dilma como no governo Lula. A crise econômica causada por esse governo ilegítimo, o congelamento de 20 anos dos recursos na área de saúde, o encolhimento do programa Mais Médicos, os cortes no Bolsa Família, os cortes nos programas sociais, tudo isso interferiu para que agora já se veja um crescimento da mortalidade infantil", apontou.
O deputado Roberto Mesquita (PROS) também demonstrou preocupação, em discurso, com a quantidade de mortes não só entre crianças, mas também entre adolescentes vítimas da violência. Ele enfatizou o trabalho desenvolvido pelo Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, que "tenta nos dar um retrato desse lado cinzento da nossa sociedade".