A estratégia de utilização da tribuna para ganhar visibilidade no Plenário 13 de Maio, para alguns opositores, não tem, ainda, reflexos eleitorais
( Foto: José Leomar )
Mesmo numericamente inferior após a janela partidária, a bancada de oposição na Assembleia Legislativa decidiu não se agrupar em bloco partidário e pretende atuar utilizando os espaços das lideranças de partidos durante as sessões ordinárias na Casa. No entanto, oposicionistas entrevistados pelo Diário do Nordeste afirmam que ainda falta unidade entre eles, o que poderá ser solucionado somente após a indicação da chapa majoritária para a disputa eleitoral deste ano.
Apesar de a estratégia do grupo ser de utilização dos espaços na tribuna durante as plenárias, principalmente durante o tempo de liderança, na sessão de ontem, os opositores não fizeram qualquer discurso que forçasse debate com a base governista. A falta de oradores, inclusive, resultou no cancelamento da sessão às 11h, uma hora e vinte minutos após a abertura.
"A oposição diz que tem como estratégia o uso da tribuna, mas eu pergunto: quem fez o uso da palavra, hoje (ontem), pela oposição? Dava, sim, para se ter utilizado a tribuna para o debate, mas, ao contrário, a sessão foi cancelada por falta de oradores", reclamou o deputado Ely Aguiar (PSDC), que, apesar de se declarar "independente", por vezes faz críticas à gestão.
Segundo ele, conversas isoladas vêm ocorrendo, sem a participação de todo o grupo. "Ninguém está interessado em definição de grupo ou com comissão técnica. A grande preocupação hoje é nas articulações políticas para que candidaturas possam se viabilizar".
Discursos
Líder do PSDB na Assembleia, o deputado Carlos Matos seria o sexto orador na sessão ordinária de ontem, mas não chegou ao Plenário 13 de Maio a tempo de fazer o seu discurso. Ele falaria, segundo informou, sobre o fechamento de leitos hospitalares no Ceará. No entanto, o tucano ressaltou que tem conversado com outras lideranças de oposição na Casa para a constituição de bloco, caso seja necessário.
"Não acredito que a Casa queira atropelar a oposição. Queremos que o Regimento Interno seja respeitado. Se tirarem nossos espaços, vamos continuar trabalhando e servindo", apontou Carlos Matos.
Já o deputado Capitão Wagner (PROS), que chegou a liderar um bloco de oposição até o fim do ano passado, disse que cada partido terá liderança própria e blocos não serão formados. De acordo com ele, isso permitirá que as lideranças partidárias de legendas da oposição possam ter mais espaços durante o uso da tribuna.
Para ele, a oposição se fortaleceu após o fim da janela partidária, ainda que a realidade demonstre que houve apenas alteração de espaços em partidos por parte dos oposicionistas. Wagner ressaltou, porém, que é necessário que haja um agrupamento da bancada para um projeto político visando a campanha eleitoral, o que, segundo ele, ainda não aconteceu.
Abertura
Líder do SD na Assembleia, Heitor Férrer disse que o partido está aberto para qualquer estratégia que gere desenvolvimento da oposição na Casa. Segundo ele, é preciso fortalecer o grupo, que ficou mais frágil desde que ex-oposicionistas se alinharam ao Governo Camilo Santana.
"Por enquanto, o Solidariedade ficará só. Se eles (demais opositores na Casa) nos buscarem no sentido de fortalecer a presença nas comissões, não temos nenhum problema em ceder espaço para um bloco único, desde que isso viabilize um espaço maior", sustentou.
Na avaliação de Heitor, mesmo após o fim da janela partidária, a oposição segue sem unidade no discurso que sustenta no Legislativo Estadual. "A oposição continua fragilizada porque ainda não temos nomes para a disputa majoritária, nem para Governo e nem para o Senado", lamentou o parlamentar.