Embora mais de uma dezena de deputados tenha trocado de partido, as bancadas governista e de oposição ficaram, numericamente, inalteradas
( Foto: Saulo Roberto )
Passado o prazo para mudança de legenda, conhecido como "janela partidária" - 7 de março a 6 de abril -, líderes partidários na Assembleia Legislativa começam a discutir, nesta semana, a indicação dos membros que irão compor as comissões técnicas, suspensas desde o último dia 6 de fevereiro.
O troca-troca partidário entre os parlamentares, neste ano, pouco modificou a representatividade no Legislativo cearense, na verdade, terá consequências sobre a correlação de forças. Dos 46 deputados estaduais, 13 deles migraram de legendas, arranjos que ocorreram, principalmente, entre deputados aliados ao governo estadual, para beneficiar partidos que corriam o risco de serem esvaziados e mantê-los assim no projeto de seus respectivos grupos políticos, com vistas à eleição de 2018.
Ainda assim, de 19 agremiações que estavam com filiados eleitos deputados estaduais, em 2014, o Partido Humanista da Solidariedade (PHS) desapareceu e o Partido da Mulher Brasileira (PMB) também. O único representante até então do PHS, deputado Tin Gomes, deixou a legenda, após desentendimentos com a direção nacional. O parlamentar integra, agora, o Partido Democrático Trabalhista (PDT). A deputada Bethrose, que estava no PMB, deixou os quadros da sigla, e embarcou no Partido Progressista (PP).
Por outro lado, o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) voltou a ter bancada nesta legislatura, com a filiação dos deputados Capitão Wagner, ex-PR, e Roberto Mesquita, ex- PSD. Em 2016, quando os irmãos Cid e Ciro Gomes anunciaram saída do PROS para o PDT, levaram consigo os nove deputados estaduais da sigla. Havia, ainda, o risco, de outras três legendas desaparecerem, como noticiou o Diário do Nordeste, na semana passada, antes do prazo de encerramento das filiações.
Comissões
O Partido da República (PR), que tinha dois representantes na Assembleia: o Capitão Wagner e a deputada Fernanda Pessoa, perdeu ambos, porém ganhou o concurso da deputada Silvana Oliveira, ex-PMDB. Silvana negociava a sua ida para o PP, mas mudou de ideia no último dia do prazo de mudança.
As 19 comissões técnicas da Casa foram dissolvidas antes da "janela partidária", em fevereiro passado, atendendo a reclames de deputados integrantes de blocos que tinham sido desfeitos por razões políticas nascidas na disputa pela Mesa Diretora da Assembleia, no fim de 2016.
Desde então, as atividades das comissões, que existem para promover debates sobre os mais diversos temas e votar os projetos apresentados na Assembleia, estão suspensas. Enquanto isso os integrantes da Mesa Diretora é que estão deliberando sobre as matérias em tramitação no Legislativo, em substituição a elas.
A oposição, mesmo mantendo sua estrutura no Legislativo, vai ficar com menos espaços nas comissões técnicas da Casa, posto a composição delas estar diretamente relacionada com os números de parlamentares de cada bancada. O Governo vai ficar com o maior número de presidentes dos colegiados.
Além da entrada na base governista de partidos menores, que até então mantinham representantes de oposição, o maior bloco da Casa formado pelo PDT, PP, PEN, DEM e PRB, também trabalha para mostrar "força e harmonia" nas questões do Governo, diante de uma oposição "barulhenta". A entrada no PDT dos deputados Osmar Baquit, ex-PSD, e Tin Gomes, ex-PHS, reforçou ainda mais a bancada daquela que é a principal legenda de sustentação de Camilo Santana na Assembleia, indo de 12 para 14 pedetistas.
Mesma força
O líder do bloco, deputado Ferreira Aragão (PDT), aponta que a prioridade da bancada a partir de agora é colocar em votação os "bons projetos" enviados pelo Executivo Estadual para a Casa. "A partir desta semana, a gente começa a delinear também as novas formações das comissões, que serão formadas, de acordo com o número de deputados que pertence a cada bloco. O PDT ficou maior ainda e, consequentemente, as comissões tenderão a ficar mais com integrantes do PDT", observou.
Já no lado da oposição, que contava antes com um bloco formado pelo PR, PSDB, SD e PSDC, continua com a mesma força, embora o PR tenha migrado para a base governista e o PSDC anunciou saída desse conjunto, para ficar na posição de "independência". Os deputados que eram do PR foram para o PROS e para o PSDB.
Wagner quer conversar com os demais partidos de oposição sobre o arranjo em um novo bloco, mas que continuará com posicionamentos críticos em relação a temas envolvendo Segurança e Saúde. "As orientações que a gente vai dar pra bancada são no sentido de discutir as mensagens que o Governo tá mandando pra Casa e apresentar projetos que possam melhorar a qualidade de vida do povo cearense", pontuou.