Enquanto o governador Camilo Santana entregava mais 100 viaturas para Polícia Militar do Estado, deputados e vereadores discutiam nos plenários da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal sobre o avanço da violência no Ceará.
Na tribuna da Assembleia, o deputado Ely Aguiar (PSDC) comentou que, somente no último final de semana, foram 62 homicídios registrados no Estado, sendo 18 na região sul, 16 Região Metropolitana de Fortaleza, 15 na Capital e 12 na zona norte. De acordo com esses números, segundo o deputado, o Ceará está vivendo uma escalada de violência.
Conforme o parlamentar, no Ceará 127 mulheres já foram assassinadas em 2018. Ely Aguiar considerou que o governador Camilo Santana não é omisso em relação aos crimes, porém, a operacionalidade não está produzindo resultados. “Isso é reflexo de 10 anos de governos anteriores”, acrescentou. Na percepção do deputado, a maioria dos crimes envolve jovens de 16 e 17 anos. “Tanto morrem quanto matam. É ausência total do Estado. Esses adolescentes tinham quatro, cinco anos, há 12 anos”, lembrou.
Em um contraponto, o deputado George Valentin (PCdoB) disse que o Governo Federal anterior investiu muito em educação, lembrando que antes só havia três institutos federais de educação no Estado, hoje são 32. “Não tínhamos escolas estaduais profissionalizantes, hoje são quase 120, e o Ceará é o segundo Estado em número de escolas em tempo integral. Hoje, temos o melhor ensino público do País, e 11 centros de idiomas, para qualificar os jovens. Sabemos que a problemática da violência é grave, mas não podemos desconsiderar o esforço realizado pelos governos passados em qualificar os nossos jovens”, observou.
Falha
Já para o deputado Heitor Férrer (PSB), a política de segurança pública do governador Camilo Santana falhou. O parlamentar disse que não há o que se comemorar com a instalação do Centro de Inteligência Regional do Nordeste, pois esse seria o “atestado de falência” no combate à violência por parte do Governo do Estado. “Antigamente, os estados brigavam para sediar órgãos como Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) ou universidades. Agora, o governo quer tornar a vinda do centro como agenda positiva. Isso é lamentável”, avaliou.
Para Férrer, a vinda deste equipamento é um demérito. Ele acrescenta, entretanto, que o Ceará conseguiu se tornar mais violento que o Rio de Janeiro, com números que justificam o recebimento do Centro de Inteligência. “Tivemos 15 homicídios, por dia, no mês de janeiro. Multiplicado por 30, dá 400 por mês. Famílias que perderam seus entes queridos. Seres humanos”, lamentou.
CMFor
Na Câmara Municipal de Fortaleza, o vereador Soldado Noelio (PR) cobrou da Prefeitura de Fortaleza a nomeação dos Guardas Municipais aprovados no último concurso. Em discurso, ontem, no plenário da Câmara Municipal, o parlamentar ponderou que diante da situação de violência “que assola a Capital”, a gestão precisa garantir a segurança da população “para que ela possa vir a ocupar os espaços públicos”.
“A população hoje é vítima de uma grande sensação de insegurança. Recentemente tivemos uma chacina que vitimou sete pessoas e no dia seguinte o prefeito cancelou sua viagem e pediu que os vereadores dessem sugestões, sobre o que o Município poderia fazer. Mas ficamos aqui sem entender porque o prefeito não avaliou a sugestão que demos desde o ano passado. Já demos aqui várias outras sugestões, mas o que temos ouvido é um grande silêncio e a população fica a mercê, pois na Cidade 2000 houve mais um assassinato numa praça. Então nos perguntamos por que a Prefeitura ainda não nomeou os Guardas Municipais que foram aprovados no curso e só esperam a nomeação”, questionou.
Em contraponto às críticas de Noélio, o vereador Adail Júnior (PDT) afirmou que o investimento do Governo do Estado e do Município de Fortaleza em políticas públicas para melhorar a segurança do Ceará está incomodando a oposição. O parlamentar discordou da fala do vereador do PR afirmando que o colega se contradiz e coloca a responsabilidade da segurança para a Guarda Municipal, o que na sua opinião é de competência da Polícia Militar. “É não confiar na Polícia Militar. Cobra a participação do Prefeito na Segurança Pública e coloca nas costas da Guarda Municipal a segurança da população”, destacou Adail.
O pedetista ainda lembrou que a atual administração “é a que mais investiu em políticas públicas, contribuindo para a segurança pública de Fortaleza”.