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Terça, 09 Janeiro 2018 04:13

Em busca do voto, deputados temem repúdio do eleitor

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Sérgio Aguiar (PDT) diz que tem sentido "desconfiança" em visitas a municípios, mas, assim como colegas, busca ficar "mais próximo do povo" Sérgio Aguiar (PDT) diz que tem sentido "desconfiança" em visitas a municípios, mas, assim como colegas, busca ficar "mais próximo do povo" ( Foto: José Leomar )
Desconfiança, revolta e frases do tipo: "vou anular meu voto, porque vão continuar os mesmos que estão aí". É isso o que alguns deputados estaduais, entrevistados pelo Diário do Nordeste, já têm ouvido ou temem ouvir da população, ao longo deste ano, nas incursões pelos municípios cearenses em busca de votos para conquistar a reeleição. Não é novidade que sucessivos escândalos de corrupção, somados à crise econômica nacional, têm levado a um descrédito "generalizado" dos brasileiros em relação à classe política. Próximo às eleições, porém, o cenário de "repúdio" tem preocupado parlamentares na hora do corpo a corpo com os eleitores.   Apesar da desconfiança do eleitorado, vista como "natural", deputados consideram que estar "olho a olho" com o eleitor ainda é a ação mais importante na corrida eleitoral. Tanto que, para demonstrar credibilidade, além de divulgar serviços que conseguiram levar aos municípios, eles devem priorizar o fato de que não têm ficha suja. O deputado Osmar Baquit (PSD), por exemplo, avalia que é "impossível" fazer tudo o que prometeu, mas enfatizará no pleito que não responde a processos por envolvimento em irregularidades.   "Lógico que o eleitor está descrente com a política, com tanta desonestidade. Uma parte da classe política vem sujando a política, e a política não é isso de roubo, desonestidade, é uma coisa boa, são maus que deturpam. Então é lógico que eu espero ter um reconhecimento de onde eu trabalhei, como trabalho mais na zona rural, de levar abastecimento de água, energia, trator, poços profundos, adutoras de engate rápido. E cabe a gente ter a consciência tranquila de ter uma ficha limpa e ter feito um bom serviço nos municípios que nós atuamos", argumentou.   Atrelada à crise política, Baquit acredita que a recessão econômica deve exercer influência sobre a visão das pessoas em relação aos políticos. "Muitas atribuem que isso se deve à questão dos desvios públicos, embora eu não tenha um processo na vida, mas, naturalmente, dizem que todos são desonestos".   Já Sérgio Aguiar (PDT) admite que tem sentido um "clima de desconfiança" em visitas a municípios do Interior do Estado durante o recesso parlamentar. Ele aposta, contudo, que o "olho no olho" ainda é o meio mais eficaz de transmitir confiança no trabalho do político.   "Por isso procuro participar, discutir, debater e conversar com vários segmentos, para demonstrar quem sou, o que faço, como defino alguns temas do cotidiano, para que com a aproximação possa ser superada a desconfiança. Neste recesso, estou no Interior do Estado realizando variadas atividades em muitos municípios para ficar mais próximo do povo", expôs.   Embora demonstre preocupação com a reação do eleitor na busca por votos, Fernanda Pessoa (PR) ressalta o esforço que teve no mandato para dar "assistência à população". Ela pontua, ainda, a dificuldade de liberar recursos do Governo do Estado para municípios que estão inadimplentes ou, ainda, quando os gestores municipais fazem oposição à gestão estadual.   "Primeiro que eu nunca disse o que ia fazer, sempre disse que ia trabalhar. A gente, no Legislativo, é diferente do Executivo, que tem uma caneta que você destina e as coisas andam. No Legislativo, destinamos recursos para aqueles municípios, alguns vão à Casa Civil, entregam a documentação, levam projetos, aí as coisas andam. Muitos deles, quando a liderança é da oposição, os recursos não saem do papel. Eu não preciso convencer (o eleitor), quem conhece sabe das nossas ações", frisou.   Anular   Fernanda Pessoa relata, porém, que a falta de credibilidade em parte da classe política tem levado eleitores a afirmar que vão anular o voto. "Eles dizem: 'ah, a gente vai ficar, realmente, com esses políticos que estão aí'. Acho que (político) é como qualquer profissão: existem bons médicos, existem maus médicos, arquitetos, engenheiros, e as pessoas precisam acreditar que existem pessoas sérias, tem gente que pensa na população".   Para Mirian Sobreira (PDT), se afastar da população, mesmo com o ceticismo em relação à classe política, é pior. Ela diz que é preciso deixar claro que compõe o Legislativo, e não o Executivo, que tem mais facilidades na execução de demandas. "Isto, às vezes, deixa muito a desejar com relação às cobranças da população. Estamos sempre cobrando o que a população nos confiou, até porque é o deputado que está mais próximo do povo e temos que mostrar que temos políticos e políticos", sustentou.  
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