O número de crianças e adolescentes de zero a 19 anos que estão na fila de espera por uma cirurgia em Fortaleza tem crescido bastante nos últimos anos. Segundo dados coletados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), até junho último, 3.820 pacientes nessa faixa etária estavam esperando por alguma intervenção cirúrgica. O número inclui pacientes de todo o Ceará que vêm se tratar na Capital. Os procedimentos de amigdalite ou adenoide são os recordistas, totalizando 651 casos. O levantamento constatou que desde 2001, há 13 pacientes aguardando na fila para realização de algum tipo de cirurgia.
Já no âmbito estadual, ainda segundo a SBP, o Ceará soma, em igual período, 1.900 cirurgias esperando por liberação em 145 municípios. O procedimento mais demandado é a postectomia (272), sendo que o primeiro da fila aguarda desde 2006 pelo atendimento. O número corresponde ao retrato da assistência informado oficialmente pelas secretarias de saúde estadual e municipal, solicitado pela SBP através da lei de acesso à informação (12.527/2011).
Para a médica Francielze Lavor, presidente da Sociedade Cearense de Pediatria, que é filiada a SBP, o atual cenário demanda uma atenção maior do poder público. "Imagina só uma criança ou adolescente esperando uma cirurgia para reparar algum problema de vista ou mesmo de um procedimento Otorrinolaringologia? Ele terá danos durante toda a vida e muitas vezes, irreversíveis", explica a pediatra.
Em nota, a Prefeitura de Fortaleza destaca que desde maio desse ano implantou o Sistema Integrado de Cirurgias (SIC), gerenciamento e publicização de filas com enfoque em cirurgias eletivas, que possibilita maior transparência para usuários e o melhor gerenciamento entre os órgãos envolvidos. Por meio do sistema, o paciente acompanha, de forma online, a sua posição para realização do procedimento.
O comunicado ressalta, ainda, que o sistema unifica a base de dados das filas para realização de cirurgias eletivas em todo o sistema público de Saúde e da rede conveniada instalada em Fortaleza, permitindo que pacientes e órgãos envolvidos possam fiscalizar e acompanhar os procedimentos instaurados. " A expectativa é que todas as especialidades estejam contempladas até o fim de 2018".
Projeto de lei
Já a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informa que a inserção de pacientes na fila de cirurgias é feita pelos municípios, que têm gestão plena da saúde. Há 2.523 pacientes até 19 anos esperando por cirurgias eletivas em 145 municípios, até ontem. O governador Camilo Santana encaminhou projeto de lei à Assembleia Legislativa com o objetivo de reduzir as filas de cirurgias no Ceará. Serão priorizadas as especialidades em que há mais pacientes aguardando.