O ex-governador Lúcio Alcântara conversou demoradamente com o senador Eunício Oliveira, domingo, sobre o quadro político local
( Foto: Saulo Roberto )
Eu tenho "disposição e vontade" de disputar o Governo do Estado, em 2018. Como eu votei no Camilo não poderia chegar nas oposições como candidato a governador. Me coloquei no fim da fila, disse Domingos Filho, numa conversa sobre os últimos movimentos dos adversários do Governo, para a definição de nomes capazes de formarem uma chapa majoritária para enfrentar os governistas. O senador Eunício Oliveira deixou a oposição cearense órfã. Sua conversa com Lúcio Alcântara, nesta semana, por ele provocada, não motivará qualquer mudança.
Hoje, enfatiza-se o momento em razão da velocidade como os fatos e ações políticas acontecem, só dois nomes são citados como prováveis adversários de Camilo, nas eleições do próximo ano: o senador Tasso Jereissati (PSDB) e Domingos Filho. O primeiro tem sido categórico em negar qualquer ânimo de voltar a disputar o Governo do Ceará, após tê-lo exercido a governança em três oportunidades.
Mas são persistentes os estímulos de seus correligionários e demais adversários do governador pretendente a segundo mandato. Na próxima semana, passada a convenção nacional do PSDB, neste sábado, novas investidas serão feitas com o objetivo de sensibilizar o senador a assumir a condição de postulante ao Governo.
Muito cedo
Domingos Filho também defende o nome de Tasso, consciente de ser a segunda opção para enfrentar Camilo, depois de descartados alguns nomes, e outros desinteressados, dentre eles o deputado estadual Capitão Wagner, disposto mesmo a conquistar uma vaga de deputado federal, embora, como Eunício Oliveira dizia até bem pouco tempo, ele deixa a entender que, se Tasso for candidato a governador, ele disputará o mandato de senador.
A direção do PR o relaciona como candidato à Câmara dos Deputados. Assim, o nome do candidato a governador, em lugar de Eunício, só será conhecido depois das festas carnavalescas, em fevereiro de 2018.
Os esforços desenvolvidos no sentido de reunir os postulantes ao Governo do Estado e às duas vagas de senador, até o fim deste ano, como previam, resultaram infrutíferos. Sabem os oposicionistas, mesmo reconhecendo ser realmente ainda muito cedo para a definição de nomes de candidatos majoritários, estarem em desvantagem em relação à campanha desenvolvida pelo governador.
Camilo, já de algum tempo, a pretexto de fazer eventos administrativos nos vários municípios do Interior do Estado, principalmente a partir dos últimos dias quando Eunício foi incluído na caravana governamental, sob o mesmo argumento. Se Tasso estiver à frente de alguns eventos, que poderão ocorrer nos próximos dias no Interior, admitem alguns, a esperança de sua candidatura reacenderá em todo grupo adversário.
A pretensão de Domingos de disputar o Governo, aqui já registrada em outras oportunidades, vem desde quando era discutida a sucessão do ex-governador Cid Gomes, e ele Domingos era o vice-governador.
Punição
Perdeu o espaço para Camilo Santana, mas não descartou a possibilidade de ser candidato ao Executivo estadual cearense, nem mesmo quando chegou ao Tribunal de Contas dos Municípios, hoje extinto, também como uma punição pelo seu projeto político, após alcançar a presidência daquela Corte e, concomitantemente, trabalhar a eleição do deputado Sérgio Aguiar ao comando da Assembleia Legislativa contra o indicado pelo governador, deputado Zezinho Albuquerque.
Disposto e estimulado a concorrer pela segunda vez a chefia do Executivo cearense (ele perdeu para Camilo em 2014), Eunício era apontado pelos aliados do pleito estadual passado como o candidato natural a governador. Chegou a ser guindado à condição de líder das oposições.
A reviravolta conhecida publicamente em setembro, como destacado neste espaço, surpreendeu a todos que com ele partilhavam o sentimento oposicionista. Até bem pouco, alguns ainda esperavam não ser real a aliança dele com os governistas, alimentando a possibilidade de tê-lo novamente como integrante do grupo.
Café da manhã
Foi no domingo passado, após os "comícios" daquele fim de semana, em Limoeiro do Norte e no Crato, quando ele e Camilo estiveram juntos, a propósito de autorizarem início de obra e inauguração de outras, que Eunício teve o primeiro contato sobre o momento político com a direção local do PR. Ele convidou para um café da manhã alguns comandantes da sigla, mas só o ex-governador Lúcio Alcântara lá esteve para o desjejum.
E parece não ter ficado satisfeito, não com o café, mas pelo que ouviu, e teria, como diz um seu amigo, sido forte ao protestar contra o fato de o senador não ter comunicado aos aliados sua disposição de se integrar ao esquema governista. Eunício disse que ainda não tem acordo político firmado com Camilo.
Lúcio, como todo experimento político, sabe só faltar para a concretização da aliança de Camilo com Eunício, a homologação da coligação partidária, nas convenções de escolha dos candidatos na metade do próximo ano, mesmo sabendo todos que, até lá, muita coisa ainda pode acontecer.
Sem o beneplácito de Cid Gomes, representado em todos esses encontros entre o governador e o senador, mesmo extraoficialmente, pelo prefeito Roberto Cláudio e o presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, dois dos mais importantes aliados de Cid, o clima não chegaria ao ponto que chegou, agora já cumprindo um segundo estágio, o de tornar o acordo assimilado pelo eleitorado, ainda um tanto quanto ressabiado, por razões óbvias.