O Náutico Atlético Cearense, um dos clubes mais tradicionais de Fortaleza, fundado em 1929, pode se tornar bem material do Estado no próximo dia 20 de dezembro. A decisão pelo tombamento estadual será definida pelo Conselho Estadual de Preservação de Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa), órgão do Secretaria de Cultura do Estado (Secult), que analisa o processo requerido pelo grupo de associados Náutico Urgente, em 2015.
O equipamento, que já é tombado municipalmente através do decreto de número 13.038, de 10 de dezembro de 2012, nos últimos anos é protagonista de uma disputa entre a atual diretoria do clube e do grupo Náutico Urgente, que divergem sobre o tombamento total do Náutico, assim como a possibilidade de uso dos espaços.
Segundo Alênio Carlos, coordenador de patrimônios históricos e culturais da Coepa, neste ano, o órgão recebeu representantes dos dois lados para debater sobre os pontos defendidos por cada um deles. "Criamos uma comissão formada por representantes do Crea, Procuradoria Geral e IAB, que darão um parecer sobre o caso. A partir daí, o conselho, formado por 24 nomes, tomará a decisão definitiva em reunião marcada para o dia 20 de dezembro, na Secretaria de Cultura do Estado", frisa.
Alternativas
Aderbal Aguiar Júnior, do movimento Náutico Urgente, indicou que alternativas estão sendo propostas para o Náutico, e novas colaborações podem e precisam acontecer. "O clube tem donos, mas foi tombado pelo valor histórico, cultural, paisagístico, arquitetônico e é indiscutível que faz parte do patrimônio dos fortalezenses e do Ceará. O tombamento deve ser referente à área total do espaço, inclusive, na parte que pega as quadras e piscinas. Tudo isso faz parte da nossa história", aponta. Já Pedro Jorge Medeiros, atual presidente do Náutico, o valor histórico e arquitetônico está focado no prédio principal, localizado na esquina entre as avenidas Abolição e Desembargador Moreira.
De acordo com ele, a condição estrutural do equipamento está danificada e as dívidas alcançam o valor de R$ 61 milhões, com um déficit mensal de R$ 361 mil entre receitas e despesas. "Tombar tudo era o melhor, mas a realidade não é essa. Temos que pagar as dívidas acumuladas ao longo dos anos, que ultrapassam R$ 40 milhões", argumenta o gestor.
Audiência
Por conta dos desentendimentos entre a diretoria do Náutico e o grupo Náutico Urgente, o deputado Heitor Ferrer liderou uma audiência pública na tarde de ontem na Assembleia Legislativa para discutir as ações pertinentes ao tombamento definitivo, em nível estadual, do equipamento, além do debate do equipamento como patrimônio artístico, histórico e arquitetônico de Fortaleza e do Ceará.