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Quinta, 16 Novembro 2017 05:20

Coluna Politica

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O senador Tasso Jereissati (PSDB) disse que Camilo Santana (PT) é mandado pelos Ferreira Gomes. O governador não gostou, claro. Pela afirmação de que Camilo não tem autoridade sobre o próprio governo e pela indelicadeza: dias antes, Tasso estivera na residência oficial do Executivo estadual e fez elogios ao anfitrião. A fala tem sua razão de ser, mas não é de todo verdade.   Camilo está onde está por obra e graça de Cid Gomes e Ciro Gomes e sobre isso não há discussão. Sem eles, nem candidato teria sido. Fosse eleito, sem eles não teria base de sustentação política. Dependeu deles para ser eleito e depende para governar.   Porém, é igualmente fato que o governo Camilo não é 100% alinhado com os Ferreira Gomes. O estilo é diferente, para começar. Cid gostava de se apresentar como homem de muito diálogo, mas ficava extremamente contrariado quando sua posição não prevalecia. Aí, recorria à força. O sucessor tem se mostrado mais disposto e mais hábil em negociar. Daí ter ambiente mais tranquilo. Consegue transformar adversários em aliados, mesmo que de ocasião. É só uma das diferenças.   Já houve, aliás, estremecimentos na relação do governador com a família. O primeiro deles, a decisão de Ivo Gomes (PDT) deixar a Secretaria das Cidades com seis meses no cargo. E saiu atirando. Sem prescindir da base política do PDT/Ferreira Gomes, Camilo constrói articulação política autônoma. Aproxima-se de Eunício Oliveira (PMDB), por exemplo.   Da mesma maneira, os Ferreira Gomes não são tão fortes quanto na época em que Cid Gomes deixou o governo. Principalmente depois que ele encerrou a efêmera passagem pelo Ministério da Educação. Sem o controle do Estado, o clã ainda seria poderosíssimo. Teria Fortaleza sob comando do grupo e Sobral na família. Porém, não estivesse Camilo alinhado com eles, ficariam consideravelmente mais fracos. Qualquer sonho de um projeto nacional seria implodido.   O cenário presente, portanto, não mostra um governador autônomo, independente, que comanda seu grupo e não deve satisfação a padrinho algum. Mas, também não é o tutelado que Tasso faz crer. Quero falar, todavia, do futuro.   A não ser que apareça novidade, que haja imprevisto, Camilo caminha para ser franco favorito na eleição para governador do ano que vem. Até por falta de adversário. Nesse sentido, será que o reeleito Camilo teria a mesma relação com a família Ferreira Gomes? Duvido muito.   NOVO MOMENTO   Se Camilo for mesmo reeleito, será muito menos devedor de seus padrinhos do que é hoje. Terá sido resultado de uma articulação política que ele comanda. A própria participação de Cid e Ciro Gomes na campanha será outra. Em 2014, eles puxavam o desconhecido Camilo. Hoje, o governador está no cargo e precisa ser o protagonista. Importa menos quem o apoia e mais o que ele fez. A própria reeleição de Roberto Cláudio (PDT), em Fortaleza, mostrou isso. No segundo mandato, percebe-se o prefeito muito mais altivo, autônomo. Vale lembrar que Camilo foi eleito numa disputa ferrenha com Eunício Oliveira. Até o dia do primeiro turno, ele aparecia atrás nas pesquisas. Com chance de ser derrotado sem nem ir ao segundo turno. Mas, a urna trouxe surpresa.   No caso de Camilo ter uma reeleição, costurada por ele, mais tranquila que a eleição, ainda mais fortalecido ele fica. Há, claro, muitas variáveis. Tudo indica que Zezinho Albuquerque (PDT) será o candidato a vice. Em caso de segundo mandato, terá um poderoso e articulado aliado dos ferreira Gomes ao seu lado. Cid Gomes concorrerá a senador e dificilmente não será eleito. Será interlocutor importante em Brasília. Não é muito provável, mas Ciro poderá virar ministro, a depender do governo eleito e da aliança formada. Menos provável ainda é que seja eleito presidente, mas é possível. Nesse caso, a relação muda muito.   Porém, afora influência do contexto nacional, a tendência de um segundo governo é de mais autonomia em relação aos Ferreira Gomes.   ÉRICO FIRMO
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