Pensando em estabelecer diretrizes para implementação de políticas públicas de prevenção do homicídio na adolescência, a Assembleia Legislativa do Ceará promove o 1º Diálogo Temático Intersetorial da Plataforma dos Centros Urbanos para Prevenção de Homicídios na Adolescência. Iniciado ontem, o evento segue hoje com a realização de três oficinas temáticas, para promover a troca de experiências entre os participantes e avançar na construção de ferramentas específicas de prevenção de novas mortes violentas na adolescência.
O deputado Zezinho Albuquerque (PDT), presidente da AL, destacou o trabalho desenvolvido pelo Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA) da Casa, que desenvolve estudos e pesquisa sobre o homicídio de jovens no Estado. Ele citou ainda, o projeto Ceará sem Drogas, que percorre todo o Ceará alertando a juventude sobre as problemáticas das drogas, que, segundo ele, é “um dos grandes indutores da violência”.
“Estamos recebendo representantes de 10 estados, que vieram conhecer de perto o trabalho do CCPHA, que monitora os gargalos e riscos que envolvem a nossa juventude em relação à violência”, disse o parlamentar.
Relator do comitê, o deputado Renato Roseno (Psol) apontou ser necessário a construção de uma agenda de prevenção aos homicídios de jovens, focada nos territórios mais violentos, e, para ele, a troca de experiências com pesquisadores e entidades de outros estados é um passo importante para traçar um caminho a seguir.
Ainda de acordo com o parlamentar, no encontro, vai ser apresentado o Relatório Epidemiológico de 2017, com um balanço atualizado dos homicídios de meninos e meninas de 10 a 19 anos no Ceará.
“O relatório aponta um aumento de 70% em 2017 em relação ao mesmo período de 2016 na quantidade de homicídios de jovens, reforçando a necessidade de que possamos aqui avançar na troca de experiências com essas capitais e fazer avançar essa agenda de prevenção, que precisa ter urgência, decisão, planejamento e regularidade de pactuação”, salientou ele.
Para o prefeito Roberto Cláudio, “o grande desafio para o Estado e para a atual geração de gestores é apresentar resultados efetivos na prevenção a esse dramático cenário que atormenta quem está em mandato”.
“Assunto grave”
A coordenadora nacional da Plataforma dos Centros Urbanos do Unicef, Luciana Phebo, avalia que a prevenção de homicídios de adolescentes é um “assunto grave” e “urgente” em todos os centros urbanos brasileiros e que a Assembleia vem construindo uma ferramenta de prevenção baseadas na pesquisa feita no Ceará pelo comitê.
“Esse estudo é um estímulo para tantas outras cidades a fazerem o mesmo, e a Unicef atua na forma de promover as trocas das boas práticas e experiências. O Ceará tem essa boa prática ao realizar uma pesquisa muito aprofundada sobre as causas dos assassinatos de adolescentes. Vamos nos debruçar sobre essas evidências e, a partir daí, criar e definir as bases para instrumentos de monitoramento de homicídios na adolescência”, assinalou a coordenadora.
Mais
O Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA) é uma iniciativa da Assembleia Legislativa, em parceria com o Governo do Estado do Ceará e Unicef. Foi criado com o objetivo de compreender o fenômeno da violência entre os jovens – com foco na faixa etária de 10 a 19 anos – para elaborar propostas de políticas públicas que apontem para a prevenção e a redução de homicídios cometidos por adolescentes e contra adolescentes no Ceará.