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Quarta, 11 Julho 2012 06:32

Coluna Política

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  A campanha das traições e infidelidades Traição é coisa tão antiga quanto a própria política. Aliás, mais antiga. E, se não tão velha quanto a conjugal, a infidelidade partidária em tempos de eleição nasceu junto com o voto. Rara é a eleição no Brasil em que não há alguém filiado a uma legenda que apoie o candidato alheio. Normalmente, são casos isolados. O curioso nesta eleição em Fortaleza é que os três maiores partidos estão envolvidos em casos de traição explícita ou, pelo menos, mudança de lado. Em todos os casos, movimentam-se de uma máquina em direção a outra. No PT, o mal-estar é enorme. A divisão já havia antes e com três membros importantes da sigla instalados no primeiro escalão do governo do PSB, a desconfiança se generaliza. No PMDB, o fracasso da tentativa de coligação com o PSB também na eleição para a Câmara Municipal já faz vereadores se debandarem para os lados de Elmano de Freitas (PT). E há outros parlamentares, além dos que compareceram ao evento petista na noite de segunda-feira. No PSB, a dissidência que também trocou Roberto Cláudio por Elmano é apenas a continuação da fratura exposta em que a legenda vive desde o ano passado. O renovado PSB já não contava com aqueles membros. Embora viva talvez a situação mais conturbada e tensa, o PT é o único desses três nos quais ainda não há casos explícitos de traição. Houve uma troca de lado. Eudoro Santana se desfiliou para aderir a Roberto Cláudio. Como a candidatura do presidente da Assembleia estava definida havia duas semanas, poderia ter tomado a decisão antes. O filho, o secretário Camilo Santana (PT), trabalhou para que mudasse de ideia, sem sucesso. Efetivamente, o pai o deixou em situação um tanto delicada e, até certo ponto, constrangedora. De todo modo, não deixa de ser digna e correta a postura de Eudoro. Algo que, aliás, não surpreende. Já quanto aos três secretários - Nelson Martins, Francisco Pinheiro e o próprio Camilo - todos estão sob pressão e tutela do comando petista. Mas, por enquanto, efetivamente participam da campanha de Elmano, ainda que de forma protocolar. AS CRISES LOCAIS ENTRE PT E PSB VIRARAM CRISE NACIONALA crise na relação entre PSB e PT começou local, mas se tornou nacional. Uma aliança federal se reflete nos estados e municípios. Não necessariamente para o alinhamento se reproduzir automaticamente em toda parte. Mas tem reflexos e provoca interferências. Da mesma forma, problemas locais, quando se acumulam, têm desdobramentos no topo, sim. Pode demorar, mas chegam lá em cima. Mesmo que não necessariamente com o rompimento. O Ceará viveu isso não faz muito tempo. Quando Tasso Jereissati (PSDB) ainda era governador, seus aliados já viviam às turras com os grupos municipais ligados aos Ferreira Gomes, então no PPS. Os atritos remontam ao governo Ciro Gomes (1991-94), quando todos ainda estavam agrupados dentro do PSDB. Os desentendimentos cresceram em 2000 e se tornaram quase incontornáveis em 2004. A partir de 2005, os problemas antes locais ganharam dimensão estadual. Na Assembleia Legislativa, o então PPS gradualmente se deslocou para a oposição ao governador naquela ocasião, Lúcio Alcântara (à época no PSDB, hoje no PR). De baixo para cima, a histórica aliança nascida da relação entre Tasso e Ciro desmoronou. Crise que começou nos municípios e, até se impor sobre os dois líderes, demorou quase duas décadas. A aliança nacional teve reflexo em São Paulo, onde a interferência de Eduardo Campos forçou a aliança. Em quase todas as demais capitais mais estratégicas, o cenário é de divisão. Sobretudo no Nordeste, os dois partidos vinham sendo protagonistas de projetos de poder em comum. O PSB cresceu e o espaço político se tornou pequeno demais para os dois. Pelo menos nas capitais e provavelmente também nos estados. É cedo para cravar se assim também será para a Presidência da República.Salvo se a popularidade da presidente despencar, o mais provável ainda parece ser a manutenção do PSB na chapa da provável candidatura de Dilma Rousseff (PT) à reeleição. Mas brigará por espaços maiores na coligação. Justamente de olho em voos mais altos no futuro.  
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