interessados na aproximação entre Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB), “ex-opositores” hoje próximos da gestão petista emplacam indicações em cargos no governo. A prática foi alvo ontem de críticas do presidente do PSDB do Ceará, Luiz Pontes, que acusa a gestão de utilizar a máquina para “cooptar” apoio político de olho em 2018.
“Ninguém quer ser oposição hoje porque a preocupação maior do governo é cooptar pessoas, é distribuir cargos, distribuir benesses”, diz Pontes. O desabafo ocorre um dia após o senador Tasso Jereissati (PSDB) descartar disputa pelo governo do Ceará no ano que vem – o que enfraquece oposição e reforça possível aliança entre Camilo e Eunício.
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De fato, maioria dos deputados do PMDB na Assembleia, até ano passado maior bancada de oposição a Camilo, hoje tem aliados na gestão que criticava. Procurados pelo O POVO, eles confirmam as indicações, mas negam tese de “cooptação”.
“Coração de mãe”
“Minha decisão de apoiar o Camilo foi para fortalecer meu mandato, em acordo com quem vota em mim”, afirma Dra. Silvana (PMDB). Até ano passado uma das mais ativas opositoras ao governo, a deputada teve o marido, o pastor Jaziel Pereira, indicado semana passada para o conselho da Ceasa.
“Sou cruelmente sincera: inclusive reivindiquei maior abertura no governo, com outras indicações. Reuni os meus pastores, porque meu mandato estava miado demais. Foi a forma que achei para ter mais fôlego, levar realizações ao meu eleitor.”
Em 2016 líder do PMDB e principal articulador da oposição, Audic Mota indica hoje o presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adagri), Jaime Júnior. A migração, no entanto, tem motivo claro, ocorrendo após racha entre Camilo e o ex-presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Domingos Filho.
O deputado e o ex-conselheiro são adversários políticos em Tauá, base eleitoral de ambos. Antes da indicação de Jaime Júnior, outro adversário de Domingos, Audic já havia emplacado o tio Anderson Mota para a mesma vaga.
Outro peemedebista a cair nos braços da gestão foi Agenor Neto. Antes um dos deputados mais próximos de Eunício na oposição, indicou o ex-prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara, para a secretaria-executiva da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH). Nomeação ocorreu após Aderilo perder a reeleição para a base aliada.
Para Luiz Pontes, as indicações são exemplo da “velha política” e devem ser combatidas. “Tem prefeito recebendo asfalto em troca de apoio. Se cria secretaria para acomodar grupo A, grupo B, isso é péssimo para o Estado”, fala.
Procurada pela reportagem, a assessoria do governo disse que não irá se pronunciar sobre as críticas de Pontes.