Nos últimos meses, a pauta conservadora tem dado o tom dos pronunciamentos na Assembleia Legislativa, principalmente no que diz respeito ao que se denomina de "ideologia de gênero", além da apresentação de projetos que exaltam símbolos religiosos. Alguns deputados acreditam que o debate é justo, visto que parte da população é alinhada ao mesmo pensamento. Já outros apontam que parlamentares têm utilizado o discurso de forma demagoga, buscando apenas visibilidade eleitoral.
Muitos projetos da bancada religiosa, como o Diário do Nordeste já mostrou, abordam temas ligados às denominações religiosas. Dentre as propostas em curso está a que cria a Frente Parlamentar de Fiscalização da Ideologia de Gênero nas Escolas, de autoria da deputada Silvana Oliveira (PMDB). Outros parlamentares, que até pouco tempo não levantavam essa bandeira, passaram a tratar do tema na tribuna do Plenário 13 de Maio.
Manoel Santana (PT) opina que este fenômeno é internacional, e ocorre sempre que há um vácuo no sistema capitalista, o que faz com que as organizações conservadoras ocupem espaços. Segundo ele, no Brasil, a descrença no Governo petista favoreceu o fortalecimento dos conservadores. "Talvez as pessoas estivessem encobertas em postura política porque acreditavam que isso fazia elas perderem votos, e agora entenderam que tais discursos atraem votos", afirmou.
Para Elmano de Freitas (PT), a sociedade brasileira "não é progressista em tudo e não é conservadora em tudo". Segundo ele, há parlamentares, de fato, conservadores por quem ele tem respeito, mas outros que querem fazer "demagogia eleitoral surfando na onda e tentando ser representante desse eleitorado".
Reflexo
Já Silvana Oliveira sustenta que a quase totalidade da população brasileira é conservadora e cristã e, por isso, os representantes devem pautar temas de interesse do segmento. "Eu acho fantástico outros parlamentares brigando pela pauta conservadora. Tenho que pensar que outros segmentos estejam do nosso lado".
Além de Oliveira, os deputados Ely Aguiar (PSDC), Carlos Matos (PSDB), Fernando Hugo (PP) e Walter Cavalcante (PP) têm levantado a bandeira contra a chamada "ideologia de gênero" nas escolas do Ceará.