Desde que vieram à tona relatos envolvendo a disseminação da "ideologia de gênero" em escolas públicas do Interior do Estado, o assunto tem sido, frequentemente, debatido no Plenário da Assembleia Legislativa por parlamentares. Em pronunciamento ontem, o deputado Ely Aguiar (PSDC), autor da emenda que vetou do Plano Estadual de Educação, no ano passado, pontos que tratavam de sexualidade e gênero, afirmou que a "ideologia" é uma forma de "destruição da família" e de implantação do regime comunista. Um requerimento para instalação de uma Frente Parlamentar para Fiscalização da Ideologia de Gênero aguarda votação na Casa.
A polêmica em torno do assunto vem desde 2014, quando, durante os debates sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), o termo "gênero" foi retirado do texto. Apesar de não constar no PNE, ficou a cargo dos Estados e Municípios decidirem se desejam incluir ou não a questão de gênero nos planos de educação.
No Ceará, a bancada de deputados ligados a denominações religiosas e mais conservadoras também retirou do Plano Estadual de Educação, votado em 2016, pontos que tratam sobre o ensino da sexualidade e de "gênero" nas escolas públicas. No entanto, segundo "denúncias" dos próprios deputados, professores no Interior do Estado estariam disseminando a "ideologia de gênero" nas salas de aula, descumprindo o plano.
Para Ely Aguiar, o conceito não deve ser discutido no ambiente escolar. "Essa discussão deve acontecer entre sociólogos, psicólogos, educadores, médicos, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ministério Público, políticos, mas não na sala de aula, para crianças de 5, 6 anos, que estão em formação, ela não sabe nem o que é sexo", afirmou.