Aliados de Camilo Santana (PT) na Assembleia colocam dúvidas sobre candidatura de Tasso Jeressati (PSDB) ao governo do Ceará em 2018. Apesar de o próprio tucano ter admitido a aliados a possibilidade de entrar na disputa, base aliada do Governo do Estado vê hoje a questão mais como “torcida” da oposição do que real possibilidade para o próximo ano.
“Tasso é um grande quadro, nacional até, mas vive hoje um PSDB dividido, ele como tese divergente. Ele já foi governador três vezes, senador, presidente do partido, então acho que seria uma missão muito pesada, um sacrifício muito grande”, diz José Sarto (PDT). “Para mim isso é estratégia, mais do que normal, das oposições quererem ocupar esse espaço”, diz.
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Na Assembleia, governistas reforçam tese de que o tucano teria admitido entrar na disputa para pressionar Eunício Oliveira (PMDB), hoje em reaproximação com Camilo Santana (PT). “Todo momento pré-eleitoral tem muita notícia, muita especulação, mas a verdade é que essas coisas se definem um mês antes do registro”, diz Joaquim Noronha (PRP).
“É notório que os partidos querem ter candidato com mais histórico, renome, então acabam torcendo pelo Tasso, que é alguém cujo histórico fala por si só”, diz. Já outros deputados, como Elmano de Freitas (PT), reforçam caráter especulativo da candidatura. “Tem muitas informações opostas, inclusive de que o Tasso não tem resistência, até pela saúde dele”, diz.
“É tudo medo”
Até então descartando chance de disputar novamente pelo governo do Ceará, Tasso Jereissati voltou a admitir possibilidade de entrar no páreo no último fim de semana. Em reunião em seu escritório em Fortaleza, o senador tucano afirmou a lideranças do PSDB, PMDB, PR, SD e PSD que analisará pesquisas internas e debaterá questão com o bloco de oposição.
Apesar de não confirmada inteiramente pelo próprio senador e sua assessoria, a postura de Tasso com aliados já marca uma guinada brusca na posição do tucano nos últimos anos. Nos bastidores, se comenta que fato decisivo foi necessidade de o PSDB possuir palanque para candidatura presidencial em 2018, o que pode não ocorrer caso Eunício e Camilo se aliem.
Para oposicionistas, possível candidatura de Tasso vai muito além de “torcida”. “Eles dizem isso porque sabem que o Tasso é um quadro excepcional e com chance altíssima de vitória. Não têm nada a criticar, então falam isso por medo de ele entrar e eles perderem a boquinha”, diz o deputado federal Genecias Noronha (SD).
“Essa reação é clara: a oposição está doida para que ele venha, e a base está doida para que ele não venha. Para nós oposicionistas, é um colírio ver um nome da estatura do senador vir a nos capitanear na disputa. É a liga que faltava para nós”, diz Roberto Mesquita (PSD).
Saiba mais
O deputado Heitor Férrer (PSB) defendeu Tasso para concorrer ao Governo do Estado no próximo ano. “Dentre todos esses nomes que estão aí, embora já beirando os 70 anos, o novo ainda é Tasso”, afirmou o parlamentar, destacando o legado deixado pelo tucano nos seus três mandatos no comando do Ceará.
“O Tasso conseguiu ao longo dos governos dele estruturar o Estado para receber grandes empreendimentos. Ele é uma opção que o Ceará tem para se contrapor aos Ferreira Gomes”, argumenta. “Ele é uma opção que deve ser consolidada através das oposições para não deixar o cidadão cearense sem o direito de ter uma opção a mais”.
Posicionamento marca ruptura no “protocolo” de Heitor, que tem evitado se posicionar sobre possíveis candidaturas ao governo nas últimas eleições estaduais.