Essa é a segunda convenção da agremiação em que Ciro e Cid Gomes participam, desde que se filiaram à legenda, em 2015
( FOTO: Kleber A. Gonçalves )
O Partido Democrático Trabalhista (PDT), realiza na próxima quinta-feira (12) convenção que irá definir a composição da executiva estadual no Ceará, além de apresentar novos nomes que farão parte da sigla para a disputa em 2018. O evento servirá ainda para que a legenda feche questão com relação ao apoio à candidatura do governador Camilo Santana à reeleição durante o pleito do próximo ano.
No entanto, o ponto que ficará ainda para se resolver na aliança entre a legenda pedetista e o partido do governador, o PT, diz respeito ao apoio para a disputa presidencial. Enquanto PDT estuda lançar Ciro Gomes como candidato no disputa majoritária, o Partido dos Trabalhadores já fechou questão quanto ao nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal representante do partido no País. Petistas têm reiterado que não há "plano B" para a legenda, e seguem apostando no nome dele para a campanha que se avizinha.
Para parlamentares de ambos os lados esse é um ponto que ficará em aberto até os primeiros meses do próximo ano, visto que não há qualquer disponibilidade de ceder quanto às pré-candidaturas ainda colocadas. No entanto, eles ressaltam que muito ainda pode acontecer nos próximos meses, e não podendo estar juntos em um eventual primeiro turno, as duas forças políticas podem se encontrar lado a lado em um eventual segundo turno.
Ciro Gomes ainda aparece com pontuação baixa nas pesquisas eleitorais apresentadas até aqui, enquanto Lula desponta como o principal nome na corrida eleitoral para 2018. Acontece que, dependendo de decisões judiciais em curso, a candidatura do petista pode ser até inviabilizada, o que seus correligionários contestam. No entanto, a possibilidade existe, e isso mudaria completamente as composições.
Além de ser feriado nacional, o dia 12 de outubro foi escolhido para a realização do evento por ser o número da legenda. De acordo com o deputado José Sarto (PDT), para além das discussões políticas, a sigla receberá a adesão de lideranças políticas que deverão ser apresentadas como pretensas candidatas a deputados estaduais e federais no pleito de 2018. "Nos últimos encontros que fizemos desde o início do ano, recebemos manifestações de várias lideranças do Interior interessadas em vir para o partido". Com relação à disputa presidencial, o parlamentar ressaltou que não há dúvida quanto à indicação do PDT ao nome do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes.
"Língua solta"
Segundo ele, a sigla entende a tese defendida pelo partido do governador Camilo Santana, o PT, de apoio à uma eventual candidatura de Lula, mas partilha da opinião de que alguns que em se candidatando e sendo eleito, "Lula irá governar com o fígado e não com a cabeça". "Pela morte da dona Marisa, a situação em que ele se encontra, ele iria governar com o fígado, isso se se consumar. O PDT defende a candidatura do Ciro, inclusive, com aglutinação de forças de centro-esquerda do Brasil", defendeu Sarto. Para o deputado, "Ciro tem a língua solta, fala o que pensa e aquilo que para alguns é um defeito, outros acham que é uma virtude", disse.
Para o líder da base de Camilo Santana na Assembleia, o deputado Evandro Leitão (PDT), não há qualquer problema na ideia de apoio local ao PT e em nível nacional a uma eventual candidatura da sigla pedetista. Segundo ele, no que diz respeito ao Ceará há um apoio consolidado ao nome do governador. No entanto, na perspectiva nacional o que existe é muita especulação.
"Muita água ainda vai rolar. Temos o ex-governador como provável candidato do PDT e o ex-presidente que está pleiteando ser candidato da esquerda. Mas acredito que só em maio é que teremos algo de concreto", disse o deputado.
Maior força
Sérgio Aguiar (PDT) também acredita que muitas das movimentações de agora podem ser alteradas no decorrer do próximo ano antes do pleito. Segundo ele, quanto mais possibilidade de candidaturas da frente de esquerda na corrida eleitoral, melhor. Lula, conforme informou, é o favorito na disputa, mas há alternativas com Ciro Gomes e a possibilidade de participação das forças em um eventual segundo turno. "O nosso apoio é a Camilo e o ex-governador Cid Gomes tem maturidade de deixar nosso governador trabalhar a melhor chapa possível. Mas temos maior força no grupo e vamos exigir o tamanho dessa força na participação da chapa", disse Aguiar quanto as duas vagas que surgirão no próximo ano para o Senado da República.
O petista Manoel Santana, por outro lado, destacou que o PDT tem direito à sua candidatura própria, mas o PT já teria o candidato "que é o preferido nas pesquisas". De acordo com ele, além disso, a agremiação tem a preferência do eleitorado brasileiro. "Se tiver candidatura do PDT e PT e eles disputarem a Presidência, é provável que estejam juntos no segundo turno. Isso já aconteceu no passado".
Rachel Marques (PT) também usou o exemplo das pesquisas atuais para justificar o apoio do PT à uma provável candidatura de Lula. Segundo ela, o foco do Partido dos Trabalhadores será a participação do ex-presidente na disputa eleitoral em nível nacional e no Ceará o foco será total na reeleição de Camilo. "Naquilo que der para convergir, vamos convergir. Se der para ampliar, vamos ampliar", disse.