Mesmo aliado de Camilo Santana (PT), o prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), voltou ontem a criticar política de combate à violência do Governo do Estado. Às vésperas de visita do secretário André Costa (Segurança Pública) ao Legislativo, o caçula Ferreira Gomes usou as redes sociais para criticar atuação da Polícia Civil e da Polícia Forense em Sobral.
“Cheguei no meu limite de tolerância com a incompetência, inoperância e descaso da Polícia Civil em Sobral”, disse Ivo no Facebook. O prefeito, que chegou a ser secretário das Cidades de Camilo, cobrou respostas sobre uma onda de crimes em Sobral, que já teve 78 homicídios em 2017 – mais do que o registrado no ano passado inteiro.
"Quantos homicídios foram elucidados? Quantos inquéritos concluídos? Todo mundo sabe que a impunidade é a mãe de todos os crimes. Quantas pessoas mais terão que ser assassinadas, inclusive crianças e adolescentes, para que aconteça alguma coisa?”, disse Ivo, que criticou demora de oito horas da Polícia Forense em remover o corpo de uma vítima de homicídio.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) evitou rebater diretamente falas do prefeito, mas forneceu dados cobrados pelo prefeito. "O percentual de resolutividade de homicídios da Delegacia Regional de Sobral é de 26,92%, com 21 casos elucidados em 2017. O índice está bem acima da média nacional, que é de 8%", diz a pasta.
Além da taxa de elucidação "elevada", a SSPDS destaca o registro de mais de oito mil boletins de ocorrência e 990 inquéritos policiais. "Entre projetos futuros, está a implantação de Delegacia de Homicídios, de Roubos e Furtos e de Combate ao Tráfico de Drogas. Na semana que vem, será instalado núcleo de investigação de homicídios."
“Fogo amigo”
Críticas de Ivo provocaram ontem mal-estar entre a base aliada de Camilo. Com visita do secretário André Costa, da SSPDS, marcada para hoje na Assembleia, fala do prefeito acabará dando “munição” para a oposição ao governo.
“Botar o dedo na cara dos outros, acusar uma instituição séria como a Polícia Civil, é fácil. Difícil é olhar para o próprio umbigo, ver como a política do irmão dele (Cid Gomes, ex-governador) sucateou a corporação”, diz Capitão Wagner (PR). Procurados, deputados da base evitaram comentar a fala.
Saiba mais
Esta é a quarta crítica de Ivo Gomes ao governo Camilo (veja gráfico abaixo), e a segunda com relação à atuação de agentes de segurança do Estado.
Em julho, ele criticou abordagens do batalhão do Raio com jovens de Sobral.
“É uma, forma discriminatória e humilhante como eles são tratados diariamente pelas forças policiais, por eles serem pobres e pretos”.