Compromissos a assinar
Enfim, o fim. Foi-se, de fato e direito, a aliança. Pelo menos em Fortaleza. Pelo menos durante o primeiro turno. O grupo político do governador Cid Gomes renegou o candidato apresentado pelo PT e decidiu bancar a candidatura própria em Fortaleza.
Feita a opção pela dobradinha Cid-Eunício de lançar uma candidatura de oposição ao duo PT-Luizianne, elaborou-se uma das menos brilhantes e constrangedoras pantomimas políticas dos últimos tempos.
O indicado já estava indicado há tempos. Era então preciso criar um contraponto ao PT. Afinal, acusava-se o PT e Luizianne Lins de não submeterem seus pré-candidatos ao crivo dos aliados. Mas, como se diferenciar se Roberto Cláudio já era o escolhido? Fazendo-se o que se fez. Um teatrinho burlesco.
Na noite de quinta-feira passada, estavam lá no palco os presidentes de algumas potências eleitorais. Nem vale à pena nominá-las tão insignificantes que são. Bem que o governador deveria ter inventado uma cefaleia para não participar. Pior, foi o protagonista.
Os leitores que acompanham a nossa política de perto podem acreditar que essa incrível sopa de letrinhas tem realmente peso na escolha de um candidato da aliança PSB-PMDB para prefeito de Fortaleza?
Pelo que se pode depreender, havia um esforço de um lado e de outro para se livrar da culpa pelo fim da aliança. Do lado do governador, os motivos são óbvios. Afinal, o Governo Federal, de onde emanam todas as verbas e projetos, é controlado pelo PT.
Notem que o discurso dos próceres do PSB foi todo em cima da crítica à prefeita e não ao PT, como se fosse possível descolar uma do outro.
Estava em jogo ainda o uso das imagens de Lula e Dilma Rousseff na campanha de Fortaleza. Caso o rompimento fosse visto como uma atitude unilateral do PT da Capital, os dois se sentiriam pressionados pelas circunstâncias a não deixarem suas imagens serem usadas a favor do candidato do PT.
Já se desconfiava que Lula e Dilma eram os mais relevantes cabos eleitorais na disputa de Fortaleza. Isso ficou muito claro a partir de uma pesquisa do Ibope encomendada pelo PSB. E, é claro, as pesquisas internas dizem isso com todas as letras.
De qualquer forma, o uso da imagem dos dois é privativa do PT. Assim determina a regra eleitoral. Mas, isso será decisivo na campanha? Não se sabe, embora, em 2010, o “comercial” com uma incisiva participação do então presidente Lula foi decisivo para derrotar Tasso Jereissati (PSDB) e eleger os dois senadores da aliança.
O fato é que a eleição na Capital tem componentes bem diferentes da disputa estadual passada. As questões intrínsecas da cidade se relacionam de maneira muito forte com o formato da decisão dos eleitores.
É claro que a rede de relacionamentos políticos e as circunstâncias que cercam cada candidatura influenciam na decisão do eleitor. Porém, nenhum concorrente vai conseguir se viabilizar se não ganhar o coração dos eleitores para o que mais importa: a cidade.
Daí, a grande importância da imprensa nesse momento. Ela, mais que nunca, precisa ser a intermediária entre os anseios da cidade e os candidatos. É a hora de arrancar compromissos formais com causas urbanas e políticas públicas efetivas.