A mais de um ano das eleições estaduais, a Assembleia Legislativa já é palco de bate-bocas que antecipam o clima de 2018. Os deputados Agenor Neto (PMDB) e Mirian Sobreira (PDT) protagonizaram, na sessão de ontem, discussão digna de Câmara Municipal, sobre a saúde de Iguatu, município a 380 quilômetros da Capital cearense, principal base eleitoral de ambos.
A briga começou quando Mirian, mãe do atual vice-prefeito da cidade, Marcos Sobreira, e esposa do secretário de Saúde, Dr. Marcelo Sobreira (Ambos do PDT), acusou a gestão anterior de Iguatu de ser responsável pelo aumento da mortalidade infantil do município. O ex-prefeito da cidade, Aderilo Alcântara (PSD), é aliado de Agenor, que também comandou Iguatu. Desde o início do ano, pelo menos 10 recém-nascidos já morreram na cidade.
"A senhora é deputada há 10 anos e nunca botou um centavo no hospital do Iguatu, município onde tirou mais votos"
Agenor Neto (PMDB), deputado estadual
“São nove meses de cuidados, (...), então, uma mãe que deu à luz, no início desse ano, deveria estar sendo acompanhada desde o ano passado”, afirmou a deputada. Ex-prefeito do município, Agenor rebateu: “Quando fui prefeito, reduzi essa taxa para 8,9 (mortes por mil nascidos). E ele (Aderilo) reduziu para 6,5. Agora querem transferir a responsabilidade para a administração anterior?”.
A parlamentar disse que a atual gestão recebeu o município em situação de “caos” na saúde, com hospitais endividados, falta de remédios e sem recursos para despesas básicas. De acordo com ela, vários equipamentos de saúde construídos na gestão anterior não estão sendo utilizados por falta de estrutura, como o Centro de Parto Normal e a UTI neonatal.
Ela também acusou o ex-prefeito de demitir funcionários do Programa Saúde da Família (PSF) no fim do mandato no ano passado. Agenor partiu para a defesa dele, dizendo que a deputada estava mentindo em vários momentos.
"Queria pedir para que você me respeitasse porque mulher na minha casa tem vez, não estou aqui para trazer as ideias do meu marido"
Mirian Sobreira (PDT), deputada estadual
“Não foi o prefeito Aderilo quem demitiu os médicos, foram vocês, que são politiqueiros”, contradisse. Ele destacou os recursos que conseguiu para o município e afirmou que Mirian, ao contrário, “é deputada há 10 anos e nunca botou um centavo no hospital de Iguatu”. O parlamentar também disse que o marido de Mirian estaria comandando a saúde da cidade “pelo cabresto”.
Em resposta, a deputada pediu respeito e ressaltou situação “lamentável” em que receberam o hospital de Iguatu. “Queria dizer para que você me respeitasse porque mulher na minha casa tem vez (...), não estou aqui para trazer as ideias do meu marido”, respondeu.
Não é a primeira vez ambos discutiram na Casa por causa de Iguatu. A troca de farpas sobre a situação em municípios do interior do Estado é comum na Assembleia e a tendência é que se intensifique nos próximos meses, como a proximidade do pleito estadual.
LETÍCIA ALVES