O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Sérgio Moro, está sendo aguardado com uma expectativa que chama atenção. O primeiro encontro dos dois ganhou ares de fato político e gerou ansiedade semelhante ao que aconteceu na época do Mensalão, quando o ex-deputado Roberto Jefferson prestou depoimento ao Conselho de Ética, da Câmara Federal, em junho de 2005. Hoje, doze anos depois, o depoimento de Lula a Moro está sendo tratado como o “capítulo final de uma novela”. O depoimento de Lula está marcado para amanhã (10), a partir das 14 horas, e vai acontecer no prédio da Justiça Federal, em Curitiba.
Em Fortaleza, o vereador Acrísio Sena (PT), que é presidente do PT municipal, criticou o “sensacionalismo” criado em torno do interrogatório e disse que o “formato como o juiz Sérgio Moro vem trabalhando” tem contribuído para acirrar os ânimos. “O depoimento vai virar um ato político lá em Curitiba. Tenho acompanhando que caravanas estão se deslocando para acompanhar in loco”, frisou ele, lembrando que quando esteve, recentemente, em São Paulo, durante reunião da Executiva Nacional, o ex-presidente Lula afirmou ter interesse em dar as explicações e pediu que tudo fosse filmado e transmitido.
“Espero que seja aberto e transparente e respeitando as regras”, disse Acrísio, ressaltando que o que tem acontecido são apenas “delações sem provas”, que acabam ficando como “fé pública”. “Pelo menos, o ex-presidente terá a oportunidade de explicar e esclarecer que ainda não houve nenhuma prova apresentada”, finalizou.
“Quebra de Braço”
Já o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) diz esperar que o petista aproveite a oportunidade que a Justiça está lhe garantindo para entrar no mérito das denúncias e fazer sua defesa, “em vez de ficar repetindo a retórica já conhecida”.
“Até porque muitos do que estão presos e condenados, como o Eduardo Cunha e Sérgio Cabral, mesmo com provas irrefutáveis, negaram com veemência os fatos”, declarou o tucano.
O parlamentar do PSDB acrescenta que vê com preocupação a queda de braço que o PT quer estabelecer com o Judiciário. “O discurso de Lula e seus seguidores é de afronta à Justiça e aos procuradores da República. Esperamos que, acima de tudo, haja respeito às instituições”, afirma.
“Beco sem saída”
Indagado sobre a expectativa, o deputado Heitor Férrer (PSB) afirmou que “será um depoimento extremamente importante, porque o Ministério Público deve ter reunido todas as provas para comprovar o que era indício de envolvimento do ex-presidente Lula”, pois, segundo ele, “as evidências são claríssimas e as provas certamente colocaram o Lula num beco sem saída”. O socialista disse ainda esperar pela “eclosão da verdade e o desmascaramento de quem foi uma enorme esperança para o povo brasileiro”.
Para o deputado Fernando Hugo (PP), o “PT é especialista em reformas do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia”. “O que me chama a atenção é que de repente os petistas e seus asseclas passaram a defender com unhas e dentes os trabalhadores brasileiros que eles em 13 anos de desgoverno massacraram ao ponto máximo, levando-os ao maior desemprego de nossa história e causado pela inflação uma imensa desvalorização de nossa moeda e perda do poder de compra do nosso povo com nossos salários”, frisou o parlamentar.
Já o deputado Capitão Wagner (PR) ponderou que o depoimento é parte processual e avaliou que, por mais que seja ex-presidente da República, Lula está respondendo a acusações de corrupção e precisa ser ouvido para apresentar o contraditório. “Maior preocupação é a mobilização popular tanto a favor como contra, possa gerar uma convulsão social e conflitos desnecessários”, pontuou.