“Colcha de retalhos”
Na coluna de ontem, falamos da falta de uma reforma ética, como remédio para amenizar o clima de “terra arrasada” da política e da administração do País. Se essa não vier, o que é mais evidente, a população há tempos cobra e espera por uma reforma política, para impedir o sucateamento total dos partidos políticos e, como conseqüência, da estrutura social e econômica nacional. Os sinais dados pelos políticos, entretanto, não são animadores. Um exemplo é a maneira como grande parte dos deputados que compõem a Assembléia Legislativa do Ceará se manifesta sobre essa reforma. Entre esses há quase total descrença a respeito dessa medida. Na visão do deputado Roberto Mesquita (PSD), o que se tem visto, até agora, são ameaças de fazer da reforma um “remendo” para a “sobrevivência da maioria dos que compõem o Congresso”. A petista Rachel Marques diz que, no momento, o único interesse do povo é “derrubar as outras reformas”. Refere-se, naturalmente, às posições do PT. O deputado Ely Aguiar (PSDC), eterno cobrador de mudanças na política, lamenta que, de forma desonesta, políticos demagogos só têm apresentado “propostas desfiguradas, longe do que almejam os brasileiros”. Por fim, o deputado Heitor Férrer (PSB), vai mais direto ao cerne do problema e, além de mostrar descrer em limpeza política tão cedo, acrescenta que devemos estar preparados para vivenciar uma seqüência infinita de propostas que “não passam de retalhos de exclusivo interesse de políticos desonestos, envolvidos em graves irregularidades”. Como vemos, somos um país carente de mudanças drásticas no sistema político e onde políticos de boa vontade nelas descrêem. A constituinte especial para a reforma política seria o ideal. Seria se não tivesse nos políticos os seus mais figadais inimigos. E reforma tipo “colcha de retalhos” só interessa a corruptos. Que são muitos.