Vereadores usaram a tribuna, ontem, para falar novamente sobre as reformas propostas pelo governo Michel Temer e repercutiram a aprovação da reforma trabalhista. Na ocasião, vereadores ainda manifestaram opinião sobre o movimento de paralisação, denominado de greve geral, previsto para hoje, em todo País.
O vereador Carlos Mesquita (Pros) acredita ser necessário haver uma reforma trabalhista e da previdência, mas, segundo ele, “as que estão sendo propostas não estão a favor do que o povo quer”. Mesquita afirmou que é “direito de todo brasileiro participar de greves” e que só espera que as manifestações tenham caráter “pacífico”.
“Nós brasileiros não somos responsáveis pelos bilhões de dólares que fugiram da responsabilidade do governo, então pra mim é um dia para ser lamentado, porque não estamos comemorando, mas estamos em busca dos nossos direitos em uma situação que paralisa o País”, frisou ele.
Já a vereadora Eliana Gomes (PCdoB) lamentou a aprovação do Projeto de Lei (PL) 6.787/16, que trata da reforma Trabalhista. Aprovada na Câmara dos Deputados com 296 votos a favor e 177 contra, a matéria segue agora para análise do Senado. O texto altera mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
“Hoje, os trabalhadores estão de luto, com a aprovação dessa reforma, que não é reforma, mas sim a destruição dos direitos trabalhistas. Foram grandes perdas para os trabalhadores nessa reforma, que na realidade defende os interesses patronais”, ressaltou ela, destacando que entre as “perdas previstas” com a medida, destacam-se o aumento da carga horária de trabalho; o enfraquecimento dos sindicatos; e o pagamento das férias parcelado em três vezes.
“Teremos o excesso de jornada e vários direitos conquistados com muito esforço destruídos por essa reforma. Lamento que deputados cearenses tenham votado favoráveis a essa reforma e aqui parabenizo aqueles que ficaram a favor do povo e foram contra esse projeto. A população vai estar nas ruas amanhã (hoje) e não vamos desistir da luta”, pontuou.
Quem também subiu à tribuna para questionar a reforma aprovada pelos deputados federais foi o vereador Iraguassu Filho (PDT). O parlamentar apontou que a reforma Trabalhista “não traz benefícios reais ao trabalhador”, além de afirmar que 40 anos de contribuição, conforme mudança proposta pela reforma da Previdência, continua sendo um período “longo e punitivo demais” para o trabalhador brasileiro.
Iraguassu apontou que há um estudo que mostra que 60% dos trabalhadores não conseguem 12 meses contínuos de trabalho. O parlamentar falou também que a redução de custos por conta da reforma da Previdência poderia ser retirada de outros lugares, como na taxação das grandes fortunas e na diminuição do pagamento da dívida. “E não sou só eu que diz que a reforma não é benéfica. A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho também diz isso. Se eles querem poupar, que tirem dos juros do pagamento da dívida externa. Amanhã [hoje] o país vai entrar em greve, o movimento é contra todas essas reformas”, afirmou o parlamentar.
Hugo chama atenção para reforma política
Em meio a discussão das reformas Trabalhistas e Previdência, o deputado Fernando Hugo (PP) chamou atenção para a importância de debater e implantar a reforma política. “Hoje se fala em reforma Trabalhista e Previdenciária, mas esqueceram a mãe das reformas que é a política”, frisou ele, ressaltando que reforma política é que vai mudar a fisionomia dos congressos, assembleias e câmaras.
“A vida política e administrativa do País só vai melhorar a partir de mudanças eleitorais. Não adianta debater outras reformas sem lembrar da principal que é a reforma eleitoral”, afirmou.
Fernando Hugo também defende uma adequação dos partidos com fiscalização na compra de voto e caixa dois, além da criação de uma política especial para combater crimes eleitorais. “Se fizermos uma percuciência, já saberíamos de deputados que serão eleitos em 2018 porque existem forças políticas e econômicas voltadas para eleger determinados políticos”, enfatizou.
Roberto Mesquita (PSD), porém, apontou que a reforma política é “procrastinada” por conta de interesses do Congresso Nacional. “É impossível dar qualquer resposta ao povo sem uma reforma política”, salientou ele.