Após o Processo de Eleição Direita (PED), o Partido dos Trabalhadores (PT), em Fortaleza, rachou em definitivo. O ex-vereador Deodato Ramalho, candidato derrotado na disputa pela presidência do diretório petista na Capital, entrou com recurso junto à direção nacional da sigla e, a partir de agora, conforme disse o atual presidente do PT em Fortaleza, Elmano de Freitas, o grêmio precisa buscar unidade com vistas ao pleito de 2018, quando Camilo Santana tentará reeleição e Lula poderá ser o nome para a disputa presidencial.   "Está claro que temos um racha no que diz respeito a Fortaleza, pois há essa divisão. Metade entende que temos que ser oposição ao prefeito Roberto Cláudio, e outra metade quer se aproximar. E isso é um grande equívoco político", disse Elmano, que faz parte da ala oposicionista ao Governo Municipal, ao contrário do grupo do novo presidente proclamado, o vereador Acrísio Sena, favorável a aproximação com a atual gestão.   Segundo ele, a principal questão política está no fato de o prefeito Roberto Cláudio apoiar o nome de Ciro Gomes como presidenciável para a eleição de 2018, enquanto petistas tentam viabilizar a candidatura de Lula. "Do ponto de vista político não é lógico, e do ponto de vista administrativo também não se justifica, pois nada foi feito nos últimos anos que fizesse a gente mudar de opinião", ressaltou.   Após o julgamento de seis recursos apresentados, a executiva estadual do PT, na última terça-feira (18), decidiu que Acrísio Sena é o presidente do PT Fortaleza. A decisão validou o resultado da eleição do diretório municipal, realizada no último dia 9, quando Acrísio obteve 1.509 votos, contra 1.506 do ex-vereador Deodato Ramalho.   Outra instância   Segundo Elmano de Freitas, um último recurso foi apresentado à executiva nacional do PT para que a direção decida, nas palavras dele, "se é possível ter influência externa e ser admitido apurar uma urna que sequer tem ata". Conforme informou, parte da legenda quer que o partido declare Deodato Ramalho como presidente da sigla na Capital.   "Temos que construir um processo de unidade em torno do nome do presidente Lula para as eleições de 2018, queremos que ele seja nosso candidato. Estamos preparando as condições para tal, com um debate programático, e queremos também o companheiro Camilo como candidato à reeleição, mas no momento isso tem que ser superado", defendeu o dirigente.   Apesar de reconhecer divisão em âmbito municipal, o parlamentar diz que, no que diz respeito à disputa pela reeleição de Camilo, há espaço para unidade, até porque na executiva estadual as avaliações estão mais aproximadas, diferente do que ocorre em Fortaleza. "Em 2018, teremos disputa para estadual e federal, e é importante que priorizemos essa pauta, pois o mais importante é garantir o retorno de um projeto que garanta os direitos dos trabalhadores".   O petista ressaltou ser "um equívoco profundo" o apoio de correligionários à gestão de Roberto Cláudio, primeiro pelo fato de o gestor não ter, segundo disse, "feito questão do apoio do PT", e também por não ver lógica política no apoio. Elmano de Freitas afirmou, contudo, que o PT tem um relacionamento respeitoso com o PDT, visto a aliança nacional entre os dois.   Diferenças   No entanto, ele ponderou que as duas legendas são de correntes políticas distintas, com candidaturas políticas também distintas. Na disputa estadual, que deve ocorrer em maio próximo, Elmano só conseguiu o apoio de pouco mais de 20% dos delegados, enquanto que o atual presidente do PT Ceará, Francisco de Assis Diniz, tem mais de 60%.   Elmano disse, inclusive, que não está preocupado com o resultado do Congresso Estadual do PT, e destaca méritos de seu adversário. "O Diniz é um bom presidente, e quero que nossa candidatura seja no sentido de que podemos contribuir com o partido, assim como ele fez. Queremos alinhar um pensamento político que unifique a todos. Não vamos entrar em debate rasteiro, porque ele tem dado uma grande contribuição ao PT".