Os possíveis desdobramentos da Operação Lava Jato no Ceará foram tema de pronunciamento, da sessão de ontem, no plenário da Assembleia Legislativa. O deputado Ely Aguiar (PSDC) levou o assunto para a tribuna da Casa e enfatizou que o Ministério Público Federal (MPF) já está colhendo denúncias relacionadas a licitações e superfaturamento de obras. “Estamos falando sem fazer julgamento prévio, mas esperamos que tudo seja investigado”, defendeu.
Entre as denúncias, o parlamentar citou indícios de irregularidades na licitação do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor). Segundo Ely Aguiar, o ministro Edson Fachin – relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) – encaminhou à Procuradoria da República no Ceará petição para que o órgão investigue o caso. A licitação para o programa, lembrou Ely Aguiar, foi realizada na gestão da ex-prefeita Luizianne Lins. “Não sabemos que reflexos isso tem na gestão atual. Isso as investigações irão mostrar”, disse.
Na avaliação do deputado, a AL e a Câmara Municipal de Fortaleza deveriam instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar essas denúncias. “Mas isso não acontece. Então, a esperança é que o Ministério Público investigue mesmo”, afirmou.
Gestão Cid
Ely Aguiar ressaltou, ainda, a delação do ex-diretor da construtora Odebrecht, João Pacífico, quanto ao pagamento de R$ 500 mil ao ex-presidente da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) Leão Montezuma, que ocupou o cargo durante o governo Cid Gomes. Além disso, o parlamentar citou denúncias de superfaturamento, também na gestão do ex-governador, na licitação das obras da Arena Castelão.
Para Ely Aguiar, a sociedade está desiludida com a classe política. “Todas as leis que aprovamos ou são para obedecer a direcionamentos do Governo, ou são para benefício próprio. A imagem do político está muito desgastada”, lamentou.
O líder da oposição, deputado Capitão Wagner (PR), ressaltou que, da mesma forma que “o Ceará não é uma ilha e não é imune à crise que atinge todo o País, pode ser sim que os nomes de diversos políticos daqui surjam nas investigações da Lava Jato”. Ele defendeu uma investigação ampla, independente do partido dos indiciados.
O deputado Roberto Mesquita (PSD) asseverou que a Lava Jato marca um momento de divisão na história do Brasil. “A corrupção corre no nosso País há bastante tempo”, afirmou.
Já Ferreira Aragão (PDT) criticou a atuação da construtora Odebrecht e opinou que a Lava Jato “irá fazer com que o empresário pense duas vezes antes de roubar ou se associar com políticos ladrões”.