A limpeza do terreno eleitoral
Desde que a aliança com o PT foi para o espaço, o governador Cid Gomes (PSB) mergulhou na articulação para esvaziar dois dos principais favoritos. Os movimentos podem ser determinantes para as chances do seu candidato, cuja escolha o partido faria na noite de ontem, e também de Elmano de Freitas. Cid trabalha para evitar que Inácio Arruda (PCdoB) e Moroni Torgan (DEM) concorram. São justamente os dois líderes de todas as pesquisas encomendadas pelos partidos até agora. A eventual saída deles deixaria o cenário completamente em aberto. Estariam soltas metade das intenções de voto declaradas na única consulta tornada pública até agora, feita pelo Ibope e encomendada pelo PSB. No levantamento, foram incluídos sete candidatos. Em quaisquer cenários, os nomes apoiados respectivamente pela Prefeitura e pelo governo ficaram nas últimas posições. Fortaleza já viu oscilações impressionantes em curto espaço de tempo. Quem estava muito em cima já caiu, e quem estava lá embaixo subiu. No entanto, além de Inácio e Moroni, Heitor Férrer (PDT) também aparecia muito bem, assim como Marcos Cals (PSDB). Renato Roseno, mais abaixo, era outro que mostrava força. É muita gente para cair, com o candidato da máquina municipal e o da estadual pedindo passagem. Embora previsões sejam sempre arriscadas, é improvável que PT e PSB larguem dos atuais índices ínfimos para se enfrentar no segundo turno, particularmente se todo esse pessoal concorrer. O crescimento de candidaturas que começam de baixo ocorre de tempos em tempos. Mas dois casos num mesmo pleito é como a queda de dois raios num mesmo lugar: fenômeno que até acontece, mas como exceção que confirma a regra. A chance de ser o candidato do governador a despontar é tão grande quanto a hipótese de o nome da prefeita subir. Não muito maiores que a hipótese de nenhum dos dois emplacar.
Se Inácio e Moroni saírem do páreo - ou ao menos um deles - a já considerável quantidade de votos indefinidos cresce significativamente. Com ela, aumentam as perspectivas para os postulantes que restarem. Notadamente o candidato do PSB, bem como o do PT.
SILÊNCIO DA BANCADA, INCÔMODO PETISTA E DIAGNÓSTICO MÉDICOO silêncio da bancada petista em relação às críticas e acusações diárias sofridas por Luizianne Lins na Assembleia causa incômodo em setores do partido. Ex-deputado, hoje presidente do Instituto de Previdência do Município (IPM), o médico Mário Mamede arrisca diagnóstico: “O problema que afeta nossa bancada é a perda seletiva da capacidade auditiva e da fala, relacionada a bloqueio político-psíquico em função de profundo conflito de conveniências”. Mas ele também cogita uma segunda hipótese: o “silêncio político obsequioso”. “Esse é problema mais complicado que o da hipótese anterior. Felizmente, as duas afecções têm possibilidade de cura ou, pelo menos, de animadora melhora. Basta que saltem do muro em que se equilibram, seja para um lado ou para o outro”. Ontem, aliás, pela primeira vez desde o fim da aliança com o PSB, algum petista se dignou a defender Luizianne dos ataques de Carlomano Marques (PMDB). Rachel Marques rebateu as acusações e foi acompanhada por Camilo Santana.
LAMENTÁVEL E VERGONHOSOA propósito do assunto anterior, a campanha nem começou, mas o nível já está antecipadamente rasteiro. Até de onde menos se espera. Waldemir Catanho fugiu à habitual calma e discrição e agiu de forma rasteira ao relembrar lamentável episódio de Carlomano Marques (PMDB) em motel próximo à Assembleia. O deputado não fez por menos e foi igualmente rasteiro. Seu alvo foi a prefeita Luizianne Lins. Isso não é nível de debate que autoridades públicas mantenham.
“PROBLEMAS TÉCNICOS” DA TV ASSEMBLEIAA assessoria de comunicação da TV Assembleia comunicou que o link da matéria que anunciava o programa Jogo Político de segunda-feira, com a prefeita Luizianne Lins, ainda está no site. Teria apenas perdido visibilidade devido à publicação de outros textos. Realmente, a matéria está lá, mas em outro link. O original permanece com fora do ar. Além disso, na quarta-feira, não aparecia na listagem de notícias do site. Ontem, estava lá. De qualquer forma, a Assembleia reafirmou a consciência do caráter plural do Poder e rechaçou qualquer interferência contra ou a favor de quem quer que seja. É o que se espera.