A divulgação de nomes que estariam na lista encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal) de pedidos de inquéritos do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, repercutiu nos bastidores da política cearense. O deputado Ely Aguiar (PSDC), um dos poucos a tocar no assunto publicamente, afirmou que “os políticos estão com uma imagem muito desgastada junto à opinião pública”.
“A cada dia que passa a população brasileira fica mais estarrecida, preocupada e decepcionada com a qualidade dos seus representantes políticos, que em nada tem contribuído para o crescimento da moralidade política do País”, disparou Ely, acrescentando que, com a divulgação da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o desgaste na relação da classe política com a população brasileira deve ficar ainda maior.
Ely, entretanto, lembrou ser necessário valorizar o trabalho dos bons políticos brasileiros, citando o deputado federal Chico Lopes (PCdoB) e os senadores Tasso Jereissati (PSDB), Magno Malta (PR/ES) e Paulo Paim (PT/RS) como políticos a serem exaltados.
“Aqui na Assembleia Legislativa, por exemplo, com todos os nossos defeitos e virtudes, nunca vi um político nosso envolvido em falcatruas, entendendo que esta Casa, aos meus olhos, trouxe boas pessoas para a política. Infelizmente não podemos dizer o mesmo de Brasília”, disse.
“No meio de tantos envolvidos em corrupção, estes que citei são reconhecidos por seus trabalhos e posicionamentos, merecendo a admiração de todos os brasileiros”, defendeu o deputado.
Lista
A lista está sob sigilo mas, informações de bastidores, dão conta de que a relação inclui nomes como os ministros Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil; Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência; Bruno Araújo (PSDB), de Cidades; Gilberto Kassab (PSD), da Ciência e Tecnologia e Comunicações; e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), das Relações Exteriores. Além deles, são citados os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA), José Serra (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG) estão entre os nomes que Janot teria encontrado indícios de recebimento de propina e que carecem de investigação. Como todos possuem foro privilegiado, o Supremo precisa autorizar as investigações.
Eunício
Único cearense citado, até o momento, entre os que compõem a lista de Janot, o senador cearense Eunício Oliveira (PMDB) afirmou que “pedidos de investigação não convertem investigados em réus e nem são sentenças proferidas”. E, portanto, segundo afirmou em nota à imprensa, “o Senado Federal recebe com absoluta serenidade e confiança na Justiça o envio ao Supremo Tribunal Federal dos pedidos de investigação relacionados a alguns de seus integrantes”.
Prejuízos
Para o deputado federal Cabo Sabino (PR), a crise política tem prejudicado o desenvolvimento do País. “O Brasil vive uma grave crise ético-política, que tem tornado nossa economia instável, turbulenta, levando mais de 13 milhões de brasileiros ao desemprego. Política desacreditada pelo povo, pelos atos de corrupção. Mal que fulmina setores representativos da administração pública e da iniciativa privada, comprometendo o crescimento e o desenvolvimento do Brasil”, afirma.
O parlamentar cobra uma reação, contra casos de corrupção, para devolver a dignidade à população. “O Brasil precisa ser passado a limpo e a sociedade tem o direito de saber quem são os acusados. Nada pode ficar escondido aos olhos do povo, que tem sido onerado com reformas absurdas como da Previdência. A corrupção rouba a comida, o remédio e a escola de milhões de pessoas, prejudicando o futuro de todos. Por isso, sou a favor da sociedade saber quem está envolvido, haja vista que ela é quem paga a conta”, enfatiza.
Bastidores
Um dia depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter enviado ao STF dezenas de pedidos de abertura de inquérito contra políticos, o presidente Michel Temer se reuniu com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Senado, Eunício Oliveira, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, para discutir “a necessidade e a urgência” de uma reforma do sistema político-eleitoral do país.