A ampla maioria da base governista na Assembleia Legislativa não garante que o governador Camilo Santana (PT) passe incólume às críticas dos parlamentares. Ontem, durante sessão plenária, a oposição voltou a mirar na administração de Camilo. Durante pronunciamento, o deputado Roberto Mesquita (PSD) criticou, a manutenção, por parte do Governo do Estado, da sede da Coordenadoria de Representação do Ceará em Brasília (Coreb), “abrigada em um imóvel de luxo na Capital Federal”.
De acordo com o parlamentar, o imóvel é alugado pelo Governo do Ceará e faz parte dos gastos do Executivo desde 2011, custando R$ 1,5 milhão por ano, sendo R$ 30 mil mensais apenas em segurança armada. “O local conta com amplas áreas de lazer e varanda, churrasqueira, sauna, piscina, suítes com hidromassagem, representando um verdadeiro disparate e um tiro no peito para os cidadãos de um estado pobre e que quer reduzir gastos”, apontou Roberto Mesquita.
Para o deputado, o Executivo não está sendo coerente ao propor a extinção de secretarias, enquanto mantém um imóvel em Brasília que poucas pessoas têm o conhecimento de sua funcionalidade. “O mais estranho é que o mesmo Governo que envia mensagem a esta Casa pedindo a extinção da Secretaria de Combate às Drogas, que todos sabem que é uma das mais graves questões do Ceará, mantém esta casa padrão Big Brother, que custa R$ 124 mil mensais, e que ninguém sabe para que serve ou a quem”, salientou o parlamentar.
Roberto Mesquita sugeriu que o governador Camilo extinga a Coordenadoria sem a necessidade de enviar mensagem à Assembleia. “Essa casa em Brasília é uma piada. Bastaria um momento de serenidade do governador para que ele acabe com essa Coordenadoria, por meio de um decreto”, pontuou.
Na ocasião, o deputado Odilon Aguiar (PMB) manifestou surpresa com os custos do imóvel em Brasília. “Fico imaginando o que não deve ser gasto com alimentação nos banquetes e festas que são promovidas neste imóvel. Quando fui secretário da Agricultura, Pesca e Aquicultura do Estado, o Governo negou R$ 400 mil para dar continuidade a algumas ações da pasta, mas consegue recursos para manter uma casa luxuosa de R$ 1,5 milhão em Brasília”, disse Odilon Aguiar.
TCM
O líder da oposição, deputado Capitão Wagner, atacou em outra frente e apresentou requerimento solicitando à Mesa Diretora da Casa que suspenda qualquer matéria que trate da extinção do Tribunal de Contas do Município (TCM).
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC), de autoria do deputado Heitor Férrer (PSB) foi aprovada em dezembro de 2016 com amplo apoio da base governista. Segundo o parlamentar, a Casa ficou “desmoralizada” quando o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu os efeitos da emenda constitucional, aprovada na Casa no ano passado, que extinguia o órgão. “A Casa deve aguardar para ver qual é o parecer do Supremo antes de entrar com qualquer outra medida que trate da extinção do TCM”, sugeriu.
Novo bloco
As críticas ao atual governo também devem ser intensificados com união de PMDB, PSB e PMB em um bloco partidário. O grupo, oficializado esta semana, reúne 11 parlamentares e de acordo com o deputado Leonardo Araújo (PMDB), que comandará o bloco, a composição foi definida em acordo entres os presidentes estaduais das três agremiações, Eunício oliveira (PMDB), Patrícia Aguiar (PMB) e Domingos Neto (PSD).
“O novo bloco nasce com caráter de oposição, mas fará o seu papel com responsabilidade e realizará um trabalho de fiscalização, com o objetivo de defender os interesses do povo do Ceará”, afirmou.
Espaço
Para garantir destaque no dia a dia do Legislativo, a oposição também trabalha para garantir espaços. Ontem, Leonardo Araújo solicitou à Mesa Diretora participação nas comissões técnicas da Casa, evocando o princípio da proporcionalidade.
Segundo o peemedebista, todas as matérias, que tramitam na Assembleia, serão motivos de estudos e debates permanentes. “É para que possamos cumprir o compromisso com o povo”, justificou.