Péssimo negócio para o PT
Era 23 de abril de 2006. Aqui, neste espaço, este colunista fez uma avaliação crítica sobre a decisão do PT estadual de apoiar o ex-prefeito de Sobral, Cid Ferreira Gomes, para o Governo do Estado. No resumo, foi dito que os petistas, depois de seis disputas sem sucesso (de 1982 a 2002) resolveu trocar a candidatura própria pela chance de ter o vice-governador. Num Ginásio Poliesportivo da Parangaba lotado, petistas que queriam outro rumo, a exemplo de José Airton Cirilo, chegaram a ler trechos da coluna, repetindo argumentos aqui apresentados, de que disputar o Governo com cabeça de chapa era o melhor caminho. Seis anos se passaram e, assim como foi dito à época e nas dezenas de colunas de lá para cá (às vezes, voz isolada), o PT fez um péssimo negócio em aceitar a coligação.
Façam as contas. O partido teve um apagado Francisco Pinheiro como segundo nome no comando estadual, de 2007 a 2010. Depois disso, viu o posto ir para o PMDB de Domingos Filho. Na Assembleia Legislativa, durante longos seis anos, em nome de um governo do qual nunca participou ativamente, deixou de fazer o que sempre fez de melhor: fiscalizar, criticar e cobrar transparência na gestão pública. Fora da Capital, o PT cresceu bem menos do que poderia, considerando-se a força do Governo Federal, que a sigla controla há nove anos. E cresceu, diga-se, para um ou dois caciques da legenda. Agora, quem diria, fora do governo estadual e na reta final de uma gestão que divide opiniões em Fortaleza, o PT tem de apostar em um neófito para tentar manter-se no jogo para, talvez, a depender do resultado eleitoral, começar tudo de novo em 2014. Enquanto isso, os Ferreira Gomes não tiveram do que reclamar. Com o apoio decisivo do PT, tiraram a reeleição do então governador Lúcio Alcântara, em 2006, e não tiveram dificuldades de conseguir mais quatro anos, em 2010. Com um governo relativamente planejado, fazem uma gestão vistosa, têm o controle absoluto do legislativo e, a despeito de o PT ser a maior força política nacional, fizeram de seus membros, aqui no Ceará, meros coadjuvantes.