Paulo César Norões: Histórica submissão
Chega a ser curiosa a quase unanimidade nos discursos dos deputados estaduais, condenando a votação, a toque de caixa, de matérias complexas que mereceriam mais discussão, até para que eles, parlamentares, pudessem votar com plena consciência dos efeitos das medidas propostas pelo governo. Mas, mesmo sem o conhecimento pleno, as matérias foram todas aprovadas pela maioria. O que não deixa de ser um risco, levando-se em conta o impacto na economia do Estado e na vida do cidadão. Todo ano é assim. É costume dos governantes retardar o envio do Orçamento para a Assembleia. Não é algo criado por Camilo Santana, vem de muito tempo. Reflete a submissão histórica do parlamento ao Executivo. E contribui sobremaneira para o decrescente prestígio da classe política perante a população.
Pressa
A PEC que extinguiu o TCM gerou polêmica não só pela extinção em si - que pode sim, ser discutida - mas pela tramitação célere, que não permitiu debate mais aprofundado sobre os efeitos dessa decisão. O próprio autor do projeto, Heitor Férrer, foi contra o regime de urgência. Esse açodamento é que embasou a Ação Direta de Inconstitucionalidade que gerou a liminar da ministra Cármen Lúcia.
Futuro
Em entrevista no Ipu, deputado Sérgio Aguiar disse que em janeiro vai visitar correligionários para tomar, em definitivo, decisão sobre o futuro político de seu grupo com relação ao Governo do Estado. Vai esperar que até lá a poeira baixe para que a decisão não seja de afogadilho. Relação de Sérgio com o Abolição estremeceu após eleição da Mesa da Assembleia - que ele perdeu - e extinção do TCM.
Bruno depende...
Apesar do bom trabalho na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno gosta mesmo é do Parlamento. Mas para voltar à Assembleia, o governador Camilo teria que fazer a fila andar. Em 2014, Bruno ficou na oitava suplência na coligação governista. Dentre os que terminaram a eleição na frente dele, o primeiro, Leonardo Pinheiro, se efetivou; e o segundo, Professor Teodoro, morreu.
...Da fila andar
Fernando Hugo, Dedé Teixeira e Rachel Marques vão assumir vagas de Ivo Gomes, Laís Nunes e Naumi Amorim, eleitos prefeitos. O próximo, Manoel Santana, será chamado com a possível volta de David Duran para a Secretaria do Esporte. E se Dedé Teixeira optar por seguir secretário do Desenvolvimento Agrário, assume o sétimo suplente, Sineval Roque. Só depois é que vem Artur Bruno.
"A maioria não pode ser soberba, precisa ser sóbria."
Deputado Renato Roseno (PSOL), ao comentar o estilo rolo compressor que os deputados da situação usaram para aprovar matérias enviadas à assembleia pelo governador Camilo Santana.