A reeleição de Zezinho Albuquerque (PDT) para presidente da Assembleia Legislativa deixou estragos nos dois lados da Casa, que correm para retaliar “traições” e buscam manter a unidade das suas bancadas. Se a oposição deve ganhar representantes, isso acontece em um cenário de divisão do seu maior partido, o PMDB, que vai abrir processo para a expulsão de dois deputados estaduais, Agenor Neto e Audic Mota, até então o líder da sigla na AL.
[SAIBA MAIS 1]
Ambos teriam “traído” o partido ao declarar voto em Zezinho e contrariado deliberação da bancada em favor de Sérgio Aguiar (PDT). “Eles votaram no Sérgio para ser a escolha do PMDB e, na hora da votação, mudaram para o Zezinho”, afirma o deputado Danniel Oliveira, sobrinho do senador Eunício Oliveira (PMDB).
De acordo com Audic, porém, não houve deliberação da bancada sobre o nome de Aguiar. “Existe documento feito por integrantes do PMDB, sem que a bancada tenha participado dessa reunião, dizendo que o PMDB deveria votar unido, mas só isso”, argumenta.
O documento, apresentado pelo parlamentar à reportagem, não cita o nome de Aguiar. A decisão teria sido tomada depois, “verbalmente”, segundo peemedebistas. “Houve uma questão fechada dentro do PMDB, e todo deputado sabia disso”, diz Tomaz Holanda.
Audic ainda sinaliza que a traição, se houve, aconteceu contra ele, não o contrário.
O deputado mostrou documento assinado por quatro dos seis peemedebistas da Casa (com exceção de Carlomano Marques e do próprio Danniel) indicando seu nome à Mesa Diretora. Ele argumenta que, como conseguiu concorrer na chapa de Zezinho ao cargo de 1° secretário, o mais importante após a presidência, “a lógica era que recebesse o apoio do PMDB”.
De acordo com fontes próximas à sigla, o documento seria resultado de um antigo acordo feito entre Audic e Danniel em 2014, mas que não teria sido cumprido pelo sobrinho de Eunício. “Audic votaria no Danniel para compor a Mesa, e ele votaria no Audic para líder. Este ano, eles trocariam de posição. Audic estava cobrando o cumprimento do acordo”, disse uma das fontes.
Nem Audic nem Danniel confirmaram o pacto. O líder do PMDB, no entanto, disse que o documento dá tranquilidade para a sua defesa e que não pensa, por enquanto, em deixar a sigla. “Essa decisão eu vou tomar analisando os próximos passos. E estou certo de que tomei a decisão certa”, falou.
A falta de unidade, porém, também repercute na base, que deve perder pelo menos quatro representantes do bloco PSD-PMB. O POVO tentou falar com o deputado Agenor Neto, mas ele não atendeu às ligações.