O deputado Zezinho Albuquerque (PDT) foi reeleito, ontem, para comandar à Assembleia Legislativa até 2018, com 27 votos. Seu adversário na disputa e colega de partido, Sérgio Aguiar, obteve 18 votos. Houve apenas um voto nulo. É a primeira vez na história que um deputado permanece no comando da Casa por três mandatos consecutivos.
O placar foi mais elástico do que o previsto nos bastidores e com o apoio do governo, Albuquerque garante o terceiro mandato consecutivo à frente do Legislativo. Nos bastidores, aliados de Sérgio Aguiar acreditavam que poderiam vencer a “pressão”, que, segundo ele, advinham do Governo. Zezinho era apoiado pelo governador Camilo Santana (PT) e pelos ex-governadores Cid e Ciro Gomes. A disputa pelo comando da AL, inclusive, provocou um rompimento na aliança dos Ferreira Gomes com Domingos Filho, eleito presidente do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM), ontem.
Ressaltando os problemas vivenciados pelo Estado, o parlamentar sinalizou trabalhar para manter a unidade da base do governo e prometeu aproximar o Parlamento da sociedade. “Sei que com a disputa alguém sai machucado. Mas, estenderei a mão a todos. […] Precisamos estar juntos. Base do Governo não está dissolvida. Temos de trabalhar para aproximar a Assembleia cada vez mais da população”, disse Zezinho, que destacou estar emocionado com o resultado.
Como ação mais urgente, o deputado elencou desenvolver ações que visem trazer novos empreendimentos para o Estado. “Não podemos deixar o Ceará dependente do governo [federal]”, frisou ele, ressaltado que o Estado enfrenta problemas graves como a crise hídrica e o aumento no número do desemprego.
Antes da votação, Zezinho Albuquerque admitiu falhas e prometeu aos colegas mais abertura ao Parlamento, além de relatar projetos desenvolvidos durante sua gestão como o “Ceará Sem Drogas”. Assim como em entrevista à imprensa, Zezinho expor o cenário nacional de crise econômica,porém, mesmo nesse quadro, o Ceará tem mantido o equilíbrio financeiro e o Legislativo estadual tem contribuído.
Também foram eleitos os demais membros da Mesa Diretora da AL: Tin Gomes (PHS), na 1º Vice-Presidência; Manoel Duca (PDT), como 2º vice-presidente, Audic Mota (PMDB), 1º secretário; João Jaime (DEM), 2º secretário; Julinho César (PDT), 3º secretário, eAugusta Brito (PCdoB), como 4ª secretária;Robério Monteiro (PDT),1º vogal; Ferreira Aragão (PDT), 2º vogal, e Bruno Pedrosa (PP), 3º vogal.
Surpresa
A surpresa na composição desta chapa ficou por parte do deputado Audic Mota, que é do PMDB – partido que já havia fechado questão em apoio a candidatura de Sérgio Aguiar. Nas articulações de vésperas, Audic não só mudou de apoio como foi incluído na chapa no cargo de primeiro secretário, um dos mais importantes.
“O que assistimos nos últimos dias foi a interferência e caracterização de uma das chapas conduzidas por membros do Tribunal de Contas. Isso nos fez avaliar melhor e, aliado a isso, houve uma dissidência por não se chegar ao consenso. E, naturalmente, os membros do partido ficaram livres para escolher”, frisou Audic. O peemedebista é opositor ao conselheiro Domingos Filho no município de Tauá. Inclusive, nas últimas eleições, seu então candidato a prefeito Carlos Windson venceu a disputa com a atual prefeita Patrícia Aguiar, esposa de Domingos Filho.
Antes da votação, o Psol, de Renato Roseno, divulgou nota oficial revelando que o representante do partido iria anular o voto, tendo em vista que não se sentia representado pelas candidaturas postas.
Mais
Candidatos e representantes das duas chapas defenderam seus grupos. O mais emocionado ficou por conta da deputada Dra Silvana (PMDB), na chapa pró-Sérgio Aguiar. No discurso, apelos, vários trechos bíblicos e choro. Discursaram ainda os deputados Roberto Mesquita, pró-Sérgio, e Evando Leitão (PDT) e Elmano de Freitas (PT) em prol de Zezinho Albuquerque.
O deputado Domingos Neto (PSD), filho do conselheiro Domingos Filho, esteve presente à votação. Inclusive, permaneceu até o final e acompanhou de perto o processo. À imprensa, ele afirmou que seu grupo político foi “empurrado” para oposição, classificando de “desleal” a postura do governador Camilo Santana com Sérgio Aguiar.
Sérgio Aguiar admitiu que pode deixar o PDT
O deputado Sérgio Aguiar, derrotado na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa, admitiu a possibilidade de deixar o PDT. Em rápidas palavras à imprensa, Aguiar agradeceu os votos obtidos e disse que manterá a luta para “honrar os votos que a população me deu”.
“Acredito que, provavelmente, esta decisão será a melhor a ser tomada”, salientou ele, visivelmente emocionado. Embora aliado do Executivo estadual, o governador Camilo Santana (PT) e os ex-governadores Cid e Ciro Gomes (PDT) trabalharam nos bastidores até o último momento em prol da candidatura do deputado Zezinho Albuquerque, também do PDT.