Guálter George, editor-executivo de Conjuntura
A ansiedade pode até ser mais nossa do que dos políticos, em muitas ocasiões, mas a verdade é que uma disputa como esta de ontem necessariamente deve ser analisada a partir das perspectivas de futuro que envolve. Respirava-se 2018 muito claramente naquele ambiente tenso da Assembleia, em que o governo Camilo Santana encarava um teste importante, muito em função dele projetar as condições em que já organiza sua vida para o próximo desafio nas urnas. A questão para agora é que vácuos de poder, se verificados, imediatamente começam a ser ocupados pelas forças que primeiro o percebem. São momentos em que oferecer sinais de fraqueza pode ser fatal, o que justifica as intensas negociações que cercaram as horas e dias que antecederam a disputa pelo comando do Legislativo. A cadeira de presidente do Poder em disputa não é pouca coisa, em si, mas havia ali muito mais em jogo. Aliás, nada expõe isso de maneira mais clara do que o esquisito cruzamento de articulações entre as disputas pelo comando do Legislativo e pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Esta, sim, uma confusão da briga política atual cearense que exigirá mais e melhores explicações pelos próximos dias. Inclusive em relação ao que tem a ver com 2018.