A discussão sobre os efeitos da estiagem prolongada retornou ao debate na Assembleia Legislativa. Diante do quadro de estiagem prolongada no Ceará seguidamente, parlamentares cearenses têm discutido meios para conviver com a seca, buscando alternativas para racionalizar o consumo de água, até mesmo para acelerar a conclusão das obras da Transposição do Rio São Francisco. Uma das opções é a utilização do Exército brasileiro.
Ontem, o deputado Carlos Felipe (PCdoB), manifestando preocupação diante da incerteza de conclusão da obra, apresentou requerimento convidando os senadores cearenses e representantes do governo federal para realização de um debate na Assembleia Legislativa. “A Transposição do Rio São Francisco seria fundamental para amenizar um pouco o nosso colapso hídrico”, frisou ele, ressaltando que o Ceará está na iminência de mais um ano de estiagem e sem garantias de reposição da carga hídrica para atender toda a população.
Em contraponto, o deputado Carlos Matos afirmou que o governo federal está reagindo em relação à conclusão da transposição, sinalizando que os recursos para isso já estão assegurados. “Se, em janeiro, for consolidado o cenário de seca para o ano, será feita a dispensa de licitação para conclusão da obra”, adiantou o tucano, que participou de uma mobilização da comissão especial da AL até Brasília para pressionar o andamento da Transposição do Rio São Francisco. Matos é presidente da comissão. As ações, segundo ele, são para evitar um colapso hídrico em Fortaleza, Região Metropolitana e nos setores produtivos cearenses.
No cronograma apresentado pelo governo federal, as obras deveriam estar prontas no fim deste ano. Com a paralisação, há cerca de três meses, o Ceará depende ainda mais da ocorrência de chuvas em 2017 para não sofrer os efeitos do atraso do projeto, que está com quase 90% de avanço.
Esforço
O deputado Roberto Mesquita (PSD) disse que o esforço da Comissão Especial está fazendo com que a bancada federal dê mais atenção ao problema da falta de água e paute na Câmara Federal o assunto da Transposição do Rio São Francisco. “Nós tivemos a felicidade de ver uma explanação em que o próprio ministro da Integração, que se comprometeu com a possibilidade de dispensa de licitação para a retomada das obras, caso não dê certo a licitação ou se houver recurso por parte de algumas empresas. Isso nos assegura que nós não teremos um colapso no abastecimento, porque teremos as águas da Transposição do Rio São Francisco chegando no ano de 2017 no Castanhão e na Região Metropolitana de Fortaleza”, frisou.
2017
O ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, na ocasião, conversou com a comitiva cearense. O ministro, por sua vez, informou que a expectativa do Ministério da Integração Nacional é que, até o final de setembro de 2017, as águas do Rio São Francisco já estejam na oferta hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza. “Em julho, as águas do Rio São Francisco devem chegar ao Cinturão das Águas, depois ao açude Orós e ao Castanhão, depois à Região Metropolitana de Fortaleza”, afirmou ele, adiantando que, em paralelo, o Ministério da Integração também está desenvolvendo diversas ações para minimizar o problema de abastecimento não só na Região Metropolitana de Fortaleza, mas em todas as regiões do Ceará, destinando recursos para poços profundos, adutoras de engate rápido e perfuratrizes, entre outras ações em parceria com o Dnocs e o Governo do Estado.
Alternativas
Raimundo Gomes de Matos (PSDB), porém, observou que existem “alguns problemas” contra a obra, mas prometeu trabalhar pelo apoio de outros deputados nordestinos para “arrumar um jeito de acelerar o ritmo” dos trabalhos com o objetivo de não deixar que falte água para a população. “Nós já adiantamos para o ministro que essa obra poderia ser entregue ao Batalhão de Engenharia do Exército para promover celeridade a ela”, disse ao jornal O Estado.
O parlamentar afirmou, ainda, que a crise hídrica no Ceará se agrava a cada dia e o colapso no abastecimento não é uma realidade distante. Ele observa, no entanto, que a transposição fornece um alento, mas não resolve de uma vez a crise de água no Ceará. O tucano avalia que, enquanto a água da Transposição não chega ao Ceará, o governador Camilo Santana tem que pensar em alternativas. Segundo ele, essas alternativas são o reuso da água e a questão da dessanilização da água do mar.