Uma comitiva de deputados estaduais cearenses desembarca, hoje, em Brasília, para discutir junto ao Ministério da Integração Nacional soluções para conclusão do projeto de integração do Rio São Francisco (eixo norte), além de ações para minimizar a crise hídrica no Ceará.
Na agenda dos parlamentares, está marcado um encontro com o senador Tasso Jereissati (PSDB). Logo em seguida, eles participam, a partir das 14 horas, de uma audiência pública na Câmara dos Deputados. A comitiva quer articular uma marcha à Capital Federal, a fim de cobrar uma solução para os estados prejudicados pelo atraso na transposição.
Trechos da obra estão parados e o governo federal anunciou que pretende relicitar, o que atrasaria a conclusão dos trabalhos de Transposição do São Francisco, uma das principais esperanças do Ceará para o combate do colapso hídrico. Na semana passada, o governador Camilo Santana esteve reunido com o presidente Michel Temer, o ministro Helder Barbalho e representantes do Tribunal de Contas da União (TCU) para destravar a conclusão do empreendimento.
Na semana passada, a Comissão Especial para Acompanhar e Monitorar as Obras do Rio São Francisco da Assembleia Legislativa reuniu, representantes do Poder Público e do setor produtivo que vêm sendo prejudicados pela seca prolongada. O objetivo foi debater medidas urgentes e cobrar a conclusão das obras de Transposição do Rio São Francisco no Ceará.
Na ocasião, o presidente da Comissão, deputado Carlos Matos (PSDB), explicou que a obra ficou paralisada durante meses porque a empresa responsável desistiu de continuar o trabalho. Para que outra construtora assumisse a obra imediatamente, seria necessário fazer uma dispensa de licitação. Entretanto, isso dependerá do Governo do Ceará declarar estado de calamidade pública, mas se fizer isso poderá perder alguns convênios e prejudicar outros setores, disse o deputado.
Matos destacou, também, que a Comissão pretende discutir a execução de obras emergenciais como alternativa à Transposição do Rio São Francisco, como estruturas para reúso de água e construção de poços, com o objetivo de diminuir os efeitos da seca. Além disso, acatou a sugestão da deputada Goreti Pereira (PR) de tentar reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha
Por último, Carlos Matos informou que a Comissão irá articular, juntamente com representantes de câmaras de vereadores, assembleias legislativas e setores produtivos, a criação de um movimento que mobilize a sociedade e alcance todo o Nordeste para pressionar por uma solução para os estados.
A presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos, Minas e Pesca, deputada Laís Nunes (PMB), destacou os problemas enfrentados no município de Icó e afirmou que, se as águas do Rio São Francisco não chegarem ao Ceará, o estado entrará em colapso. A parlamentar também participa da reunião, hoje, em Brasília.
Prejuízos
O secretário de Agricultura e Pesca do Estado, Euvaldo Bringel, esclareceu que a obra já está atrasada e, quando for retomada, irá demorar aproximadamente um ano para ficar pronta. O gestor ressaltou que muitos produtores estão perdendo tudo que têm e que 2017 poderá ser um ano trágico se houver seca e não for tomada alguma medida urgente para amenizar seus efeitos.
O representante da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Carlos Prado, adiantou que a Fiec está mobilizando as entidades do setor de outros estados para uma visita com seus representantes à obra, para mostrar o quanto a paralisação está prejudicando os estados nordestinos.