x-aliados de Ciro Gomes (PDT), PMDB e PSDB do Ceará lançaram ontem notas rebatendo críticas do ex-ministro a lideranças dos partidos no Estado. Lançadas ao mesmo tempo e em tom semelhante, as manifestações refletem postura das siglas a nível nacional, que tentam “minar” possível candidatura de Ciro à Presidência da República em 2018.
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Na manhã de hoje, tucanos e peemedebistas deverão levar o assunto para a tribuna da Assembleia. Ele próprio um ex-peemedebista (1983-1988) e ex-tucano (1988-1996), Ciro provocou as reações após chamar, em entrevista a um Blog de Sobral, os senadores Eunício Oliveira (PMDB) e Tasso Jereissati (PSDB) de “picaretas-mor” de uma “indústria de picaretas”.
“Você tem hoje uma indústria de picaretas, paga pelos picaretas-mor, Eunício Olivera e, infelizmente, até o Tasso Jereissati, que mentem que só cachorro quando acua a alma”, disse Ciro. Desde o 2º turno deste ano, circula nos bastidores de Brasília informação de que PMDB e PSDB planejam união para a eleição presidencial de 2018.
Os partidos, no entanto, enxergariam com desconfiança movimentos de políticos tradicionais para a disputa, entre eles o próprio Ciro. Nos últimos meses, o ex-ministro tem articulado migração de petistas para o PDT ou para uma possível base de apoio para sua candidatura.
Forças unidas
Nas notas divulgadas ontem, PMDB e PSDB defenderam seus líderes, mas aproveitaram a “deixa” para alfinetar o ex-ministro. “Solidarizamo-nos pois com o senador Tasso Jereissati, certos de que o povo do Ceará sabe distinguir entre a verdade de uma vida plena de realizações em prol do Estado e o costumeiro desequilíbrio de quem morre pela própria boca”, diz nota tucana.
Já o PMDB afirmou ainda que não “ficará silente” diante de agressões de Ciro. “Empreendedor de sucesso, cidadão exemplar, Eunício Oliveira merece o reconhecimento de todos os brasileiros, em especial seus conterrâneos (...) terceirizar responsabilidades, proferindo mentiras, já é hábito e tradição dos Ferreira Gomes”.
Líder da sigla na Assembleia, Audic Mota minimizou possível candidatura de Ciro em 2018. “Ciro já foi candidato e foi derrotado. Perdeu porque falou demais. Isso não é novidade, e ele tem influenciado tão pouco que foi excluído da campanha do Roberto Cláudio. Não se viu o Ciro na TV, o que é estranho para quem quer ocupar o espaço que ele quer ocupar”.
O POVO procurou a assessoria de imprensa de Ciro Gomes sobre o caso. O ex-ministro, no entanto, preferiu não se manifestar sobre falas de seus ex-aliados.
Saiba mais
A querela marca novo episódio no endurecimento de relações entre Ciro Gomes com Tasso Jereissati, seu antigo mentor na política cearense. Antes deputado de atuação regional em Sobral, Ciro foi alçado a candidato em Fortaleza por influência do então governador Tasso.
Mesmo após romper politicamente com o tucano em 2010, o ex-ministro vinha tentando manter debate “civilizado” com o ex-aliado. Essa postura de “não agressão”, no entanto, vem se acirrando nos últimos anos.