Carlos Felipe (PCdoB) defendeu que cabe à Assembleia fazer nova visita às obras para cobrar do Governo Federal a retomada dos trabalhos
( Foto: Natinho Rodrigues )
A importância de retomar o quanto antes as obras da Transposição do Rio São Francisco foi destacada, ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa pelo deputado estadual Carlos Felipe (PCdoB). O parlamentar registrou preocupação apontando que o desconforto já estaria sendo externado pelo Governo do Ceará em diálogos com o Governo Federal. "Como é de conhecimento de todos, demos uma parada nas obras do canal. Já tem quase dois meses que a Construtora Mendes Júnior desistiu da obra e a água que esperávamos chegar no final desse ano, não tem mais perspectiva para abastecer não apenas a Região Metropolitana, mas também o Médio Jaguaribe", relatou.
Segundo Carlos Felipe, chegou ao seu conhecimento que, com a desistência da construtora vencedora da licitação para a execução dos trabalhos, haveria divergência em esfera federal, no Tribunal de Contas da União (TCU), impedindo que fosse convocada para assumir a segunda colocada. "O governador Camilo Santana, de forma muito responsável, reuniu sua bancada e junto aos deputados federais cearenses esteve com o presidente do TCU que, por sua vez, colocou que não há nenhuma objeção para que seja chamada a segunda empresa", informou.
O parlamentar reclamou, ainda, que toda a Região Nordeste está "a mercê" do retorno das obras, "que não ficavam paradas por tanto tempo". "Não só a questão da falta de água, envolve também a geração de emprego e renda, assim como a danificação dos equipamentos que ficam parados", alertou.
Atuação dos deputados
Na Assembleia Legislativa, há uma Frente Parlamentar encarregada de acompanhar o andamento das obras. "Essa Casa fez várias intervenções, sendo uma delas patrocinada por seu presidente, quando foi ao local do canal com vários deputados junto com o secretário de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira. Eu mesmo já fui lá na região do canal", lembrou.
Em função da gravidade, seriedade e do risco de deixar uma região tão habitada com problema de falta d'água, Carlos Felipe ressaltou que caberia ao parlamento estadual organizar um retorno ao local das obras. "Cabe a essa Casa fazer uma nova visita e cobrar do Governo Federal uma postura, pois não faz sentido a obra ficar parada por dois meses, em um dos períodos mais longos", defendeu o deputado.
Mesmo diante de previsões otimistas em relação à próxima estação chuvosa, ele alertou que a margem de segurança é pequena. "Então nós, parlamentares, temos papel importante, pois somos um veículo que compete fazer audiência pública, e até ir a Brasília para que possamos dar a nossa contribuição de forma efetiva nessa situação grave que pode viver o Estado do Ceará".
Em aparte, o deputado Fernando Hugo (PP) disse que o assunto é de obrigação de toda a cidadania nordestina e em especial do Estado do Ceará. "A Transposição teve antecipadamente, no Ceará, governos que tiveram na frente. Na época do governador Tasso Jereissati, o então secretário Hypérides Macedo planejou e iniciou essa conjunção de obras já com o fito específico de receber as águas da Transposição e aqui, trazer água do Castanhão e Orós para a Região Metropolitana e abastecer todo o eixo industrial. Isso foi no governo Tasso, sequenciado por Lúcio Alcântara e programado por Cid Gomes", mencionou.
Urgência
Para Fernando Hugo, a situação é mais do que urgente. "Não podemos ficar calados. Temos que fazer, principalmente, pronunciamentos diaristas e insultos positivos à bancada congressista do Ceará. No século XXI teremos necessariamente que fazer com que os congressistas se movimentem como fizeram contra a ação das vaquejadas. Foram a Brasília, ocuparam a Esplanada e imediatamente o Senado já aprovou, na CCJ, a consagração da vaquejada e de rodeios. Essa é uma ação do povo e para o povo. Temos que cobrar urgentemente que o Governo Federal priorize a Transposição ou o que já está feio ficará horroroso".
Leonardo Pinheiro (PP) avaliou que, no Nordeste, diante de todas as crises vivenciadas, a mais urgente é a crise hídrica. "Estamos entrando no sexto ano de seca com reservas hídricas baixas. Por isso, é importante que nós, deputados, façamos as discussões e cobremos que se faça a discussão em nível federal".