Com apenas dois candidatos na disputa e tempo de televisão igual para ambos, a campanha para o segundo turno poderia ter sido uma oportunidade para detalhar propostas e aprofundar a discussão sobre a cidade. No entanto, postulantes que disputaram a Prefeitura de Fortaleza no primeiro turno avaliam que os candidatos Roberto Cláudio (PSB) e Capitão Wagner (PR) perderam um valioso espaço para apresentar alternativas viáveis em meio a uma crise econômica intensa.
Para eles, um tema importante como o desemprego ficou fora do debate, enquanto propostas para saúde e educação não saíram da superficialidade. Os postulantes derrotados analisam, ainda, que os prefeituráveis usaram os 20 minutos diários que tiveram na televisão para fazer acusações pessoais, criar polêmicas e apenas repetir propostas já anunciadas, sem abordá-las em detalhes. A avaliação é de que a cidade sai prejudicada e sem grandes perspectivas para um governo que se inicia em um complexo momento de recessão e possível redução de recursos.
O deputado Tin Gomes critica a falta de novas propostas durante o segundo turno. "Temos evasão nas salas de aula, e é grande o número de estudantes sem escola de tempo integral, que ficam vulneráveis nos bairros. Os candidatos poderiam ter debatido melhor como colocar atividades esportivas e culturais mesmo antes de conseguir as escolas em tempo integral", opina.
O parlamentar diz que faltou aos candidatos especificar melhor as propostas apresentadas nos mais diversos campos. "Qual o investimento? Como será a operação? Ninguém sabe", critica. Para Tin Gomes, a troca de acusações constante entre os candidatos tirou o espaço de temas cruciais. "Este não é o momento de focar na pessoa, no candidato, mas sim na possibilidade de melhorar a cidade".
Já o deputado Heitor Férrer (PSB), que também disputou o primeiro turno, diz não ter acompanhado os debates entre os candidatos, apenas as propagandas na televisão. "Pelo que vejo nas propagandas, tenho uma nítida impressão de que não há nada novo, apenas o que já foi exposto. E sem nenhum aprofundamento", reclama.
O deputado federal Ronaldo Martins (PRB) afirma que a quantidade de propostas apresentadas foi aquém do que a cidade necessita e avalia que a falta de aprofundamento não é uma característica apenas do segundo turno. "No primeiro debate das eleições deste ano, eu esperava um preparo maior de todos os candidatos. Agora, no segundo turno, piorou. Os ataques não constroem nada", opina.
Ronaldo Martins salienta que o Brasil enfrenta um momento econômico delicado, de maneira que, em 2017, o prefeito terá o desafio de pelo menos manter funcionando o que já existe. "Os recursos estão escassos, principalmente os federais. O administrador não vai poder ser sonhador, e o povo só espera ter o básico", afirma.
Ronaldo Martins acredita que a geração de empregos deveria ter sido debatida. "Essa área ficou sem discussão. É preciso encontrar possibilidades para gerar emprego e isentar impostos de pequenas empresas, pensar em como ajudar para reduzir o desemprego".
Candidato a prefeito de Fortaleza no primeiro turno pelo PSTU, Gonzaga também reclama da ausência de discussão sobre alternativas para melhorar os índices de desemprego. Para ele, a saúde e a educação também não foram aprofundadas. "Nenhuma das duas candidaturas tem como governar para os trabalhadores", opina.