Governador Camilo Santana fala para prefeitos e vice-prefeitos eleitos no último dia 2 de outubro, assim como outras lideranças filiadas ao PSD e ao PMB cearense, no encontro da manhã de ontem realizado em Fortaleza
( Foto: Najh Jereissati )
"Na política não há neutralidade". Com estas palavras, o governador do Estado, Camilo Santana, criticou a decisão do Partido dos Trabalhadores (PT), tomada na última sexta (7), quando optou por ficar neutro na disputa do segundo turno, em Fortaleza, e liberou seus filiados. De acordo com o chefe do Poder Executivo Estadual, a sigla cometeu dois equívocos, um ao lançar a deputada Luizianne Lins como candidata a prefeita, no primeiro turno, e agora ao não apoiar abertamente o candidato à reeleição Roberto Cláudio (PDT).
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O governador sempre defendeu a candidatura do prefeito Roberto Cláudio, chegando a desenvolver esforços no sentido de viabilizar uma coligação do PT com o PDT, o que não foi possível em razão da decisão de Luizianne, controladora do diretório municipal do partido, de ela própria disputar a Prefeitura, mesmo que isoladamente.
Depois de fazer essas observações sobre a posição do PT de Fortaleza, em relação ao segundo turno, o governador, reunido ontem com prefeitos eleitos do bloco PSD e PMB, falou sobre a requisição, da parte do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), de tropas federais para garantir a segurança do processo de votação nesta segunda etapa da disputa municipal, em Fortaleza.
Camilo Santana afirmou que esteve em reunião com os comandantes da Polícia Militar, quando foi enfático ao dizer que todos são livres para exercer o direito ao voto, mas que nenhum servidor estadual e principalmente policial poderia cometer excessos em relação à política. Ele se referia às denúncias de abuso por parte de PMs durante o primeiro turno das eleições na Capital e no Interior, em especial no caso em que envolveu o ex-senador e secretário de Governo, Inácio Arruda, do PCdoB.
Sindicatos
"Qualquer excesso será avaliado. Nós temos a Controladoria que tem essa missão, e todos os casos serão apurados com todo rigor. Estamos concordando com o pleito que todos os juízes, de todas as zonas eleitorais de Fortaleza, solicitaram", disse. Camilo deixou claro que a decisão de convocar as tropas federais é da presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e não dele, para evitar qualquer atrito junto a sindicatos que representam os policiais do Estado.
Mais de duas dezenas dos candidatos a vereador no pleito deste ano eram policiais militares, muitos deles, inclusive, utilizando a patente para se promoverem politicamente. Um soldado da Polícia Militar chegou a ser eleito vereador de Fortaleza, bem como um Policial Federal. "Estamos concordando com o pleito do TRE e com o que solicitaram todos os juízes eleitorais das zonas da Capital. Segundo os próprios juízes houve excessos", ressaltou o governador.
Sobre a decisão do Partido dos Trabalhadores na campanha eleitoral neste segundo turno, o governador foi enfático e disse que a decisão do grêmio foi um equívoco. "Mais uma vez um equívoco. No primeiro turno e no segundo turno", lamentou. Ele ressaltou ainda que a partir de agora vai se dedicar mais à disputa eleitoral, apoiando o prefeito Roberto Cláudio.
No encontro realizado pelo bloco PSD e PMB, ontem, ele convidou todos os prefeitos das duas siglas que foram eleitos a se dedicarem às campanhas de Caucaia e Fortaleza, duas cidades cearenses que terão segundo turno no próximo dia 30 de outubro. Para unir todos os grupos, o governador deve realizar uma reunião no comitê central da campanha de Roberto Cláudio convidando todos os prefeitos da base para que eles possam ajudar seu candidato.
Agenda
"Queremos que eles ajudem em suas colônias para reforçar o trabalho aqui em Fortaleza, num momento em que vamos também parabenizar todos os eleitos", disse ele, ressaltando, porém, que o evento ainda não tem data para ser realizado, mas deve acontecer a partir da segunda quinzena de outubro, na reta final da campanha. "Queremos que as pessoas possam reunir suas colônias e reforçar o pedido de apoio ao Roberto".
Apesar de participar mais ativamente da campanha do candidato do PDT, Roberto Cláudio, o governador Camilo Santana afirmou que não mudará sua agenda institucional em função da candidatura do colega. Ele ressaltou, porém, que procurará inserir-se na campanha a partir da agenda do prefeito, buscando articular e apoiar seu pleito.
No primeiro turno da campanha, Camilo Santana chegou a dizer que a base governista não poderia perder em Sobral, mas agora ressaltou que todas as cidades cearenses são importantes e que terá como prioridade as eleições em Caucaia e Fortaleza, municípios com maior número de eleitores do Estado. Aos prefeitos presentes ao evento de ontem, o governador pediu, além do apoio para os candidatos Naumi Amorim e Roberto Cláudio (em Caucaia e Fortaleza), atenção maior no que diz respeito à seca no Estado.
"Estamos no segundo turno da campanha e precisamos fazer um trabalho muito grande em torno do Roberto Cláudio. Precisamos manter essa parceria e humildade", destacou. "Quero ajudar Caucaia e Fortaleza, até porque boa parte das pessoas que vivem em Fortaleza nasceram no Interior. Essas pessoas ajudaram Roberto Cláudio em 2012, e podem dar uma boa contribuição em 2016".
O evento do bloco PSD e PMB, realizado ontem, tinha como objetivo apresentar aos prefeitos eleitos o modelo ideal para transição entre prefeituras. Além de gestores eleitos, alguns parlamentares também participaram do encontro, que contou ainda com a participação de prefeitos de outros partidos.
Desmonte
Na próxima segunda-feira, os atuais prefeitos, já que apenas alguns conseguiram ganhar um segundo mandato, vão ter um encontro em Fortaleza com representantes do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará (TCM) com o objetivo de discutir a transmissão de cargo.
Representantes dos dois órgãos vão reforçar os trabalhos que desenvolverão de modo a não permitir os tradicionais desmontes, quando prefeitos não conseguem se reeleger ou eleger um afilhado, causando sérios prejuízos à administração municipal com a paralisação de serviços essenciais à população.