O que em princípio se colocou como tendência natural para o PT, o apoio a Roberto Cláudio (PDT) no segundo turno, converteu-se numa pendenga de desfecho incerto, a ser anunciado hoje. Juntou-se um partido cuja maioria dos integrantes não tem lá muito gosto por apoiar o candidato, mas está disposta a votar nele por considerar que a vitória do adversário seria ainda pior. E o candidato que não demonstra estar muito disposto a ter apoio petista. O pacote é completo e une ônus e bônus. No cômputo, a candidatura pedetista parece julgar que o apoio formal petista mais atrapalha que ajuda.
Sem lá grande empolgação para o prefeito atrair o PT, foi colocado pé no freio na incisiva articulação inicial para levar o partido ao palanque governista. Desde então, surgiu todo tipo de hipótese, menos a de apoiar o Capitão Wagner (PT). Pelo menos por enquanto.
Nos últimos dias, petistas buscam um jeito de se manifestar contra o Capitão, sem necessariamente ajudar RC. Como se isso fosse possível. Está uma ginástica. Tentam, dizer que, embora possam não apoiar o prefeito, não querem se posicionar contra ele. Nem dizer que ele e Wagner seriam a mesma coisa.
Muitos não devem votar nem em um nem em outro. Alguns estão com Roberto Cláudio. E a legenda deverá deixar ambos à vontade para adotar qualquer dos caminhos.
No fim das contas, a indefinição petista acabou saindo ruim para Roberto Cláudio. Porque o apoio do PT pode efetivamente atrapalhar e ser usado contra. Porém, o eleitor de Luizianne Lins (PT) no 1º turno tem potencial para decidir a eleição.
Basta dizer que, para ter chance, Wagner terá de atrair maior número de eleitores da ex-prefeita do que Roberto Cláudio vier a conseguir. Se o eleitorado dela se dividir meio a meio, por exemplo, o Capitão precisará trazer para seu lado praticamente a totalidade dos eleitores dos demais candidatos que ficaram fora do 2º turno, para ter chances de vencer.
Nessas idas e vindas sobre o apoio do PT, Roberto Cláudio pode se desgastar ainda mais como eleitor da legenda e perder votos que teria. O que não quer dizer que irão para Wagner. O número de votos nulos tende a subir, ainda mais em decorrência dessa indefinição. Mesmo assim, nos cálculos do Paço Municipal, é possível que ainda seja menos danoso que a vinculação direta ao PT.
Porque, por um lado, o eleitorado não é necessariamente do partido. Não é a direção que tem poder de transferi-lo. Além do mais, muitos eleitores de RC escolheram ele, desde 2012, como contraponto a Luizianne e à legenda que representa. É possível que ele acabasse afastando eleitores que já tem ao se atrelar aos petistas, sem ter certeza da adesão que receberia.
“ESSA CRÍTICA NÓS NÃO ACEITAMOS”, RESPONDE DIMAS A RICARDO ALCÂNTARA
A coluna registrou ontem a crítica de Ricardo Alcântara, coordenador da campanha de Heitor Férrer (PSB), ao apoio a Roberto Cláudio decidido pela Rede. Alcântara é dirigente do partido e reclamou de não ter sido ouvido. Candidato a vice de Heitor, Dimas Oliveira respondeu e disse lamentar a posição do correligionário.
Ele lembrou que, antes da eleição, Alcântara se envolveu na pré-campanha de Wagner. Não deu satisfação ou pediu autorização ao partido. “A Rede tinha sido elegante, não pediu o afastamento dele, quando poderia fazê-lo”. Após deixar a pré-campanha de Wagner, Alcântara se integrou à campanha de Heitor, por iniciativa da Rede.
“Depois de tudo isso, achar que teríamos obrigação de ouvi-lo, num fórum do qual ele não faz parte. A Rede se reúne em suas instâncias, temos direção municipal, que nosso amigo (Alcântara) não compõe. E caso não existisse problema na outra (candidatura, de Wagner), ele não estaria na campanha do Heitor”.
Dimas respondeu ainda à crítica pela contradição. “Quando lhe foi conveniente, ele não pensou em sustentabilidade quando foi para a campanha do Wagner. Se não tivesse contradição, a gente estaria com Roberto Cláudio desde o início”.
Ele salientou que a Rede não quis se omitir em momento importante para Fortaleza.