Para Carlos Felipe, a gastança foi em todos os municípios cearenses, apesar de se falar que a campanha seria feita com pouco recurso
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
O deputado Carlos Felipe (PCdoB) falou ontem, em discurso na Assembleia Legislativa, da sua preocupação com o que presenciou na eleição municipal. Segundo relatou, em todos os lugares há afirmações de que houve "derrame" de dinheiro e a compra "desavergonhada de votos" em proporção nunca antes vista.
Segundo o parlamentar explicou, seriam três os fatores preponderantes para a ocorrência de compra de votos, ainda presente nos dias atuais. O primeiro, apontou, seria o descrédito dos políticos em geral. "Não me refiro a nenhum, mas da política como um todo. A forma como se generaliza, muitas vezes pela mídia, como se todos fossem iguais. Essa forma precisa ser revista". Como segundo ponto ele destacou a crise financeira que se abate sobre o País. "Sobretudo no Ceará, a seca e a miséria facilitam que a compra ocorra de forma mais exagerada".
O terceiro fator, em sua visão, está relacionado à educação. "Precisamos discutir a educação, sobretudo a educação política, que precisa ser discutida nos locais de trabalho, nas escolas com alunos, discutir a história política do País. Mostrar como pensa cada grupo político, procurar saber quais as mensagens que estão no Senado e na Câmara Federal", opinou. "Precisamos levar esse debate às associações e aos sindicatos, porque só melhorando o nível de consciência crítica do cidadão poderemos evitar que o dinheiro seja fator preponderante", frisou.
Felipe disse ser motivo de preocupação quando o dinheiro passa a ser o fator mais importante de uma eleição e apontou que quem vai pagar é o próprio cidadão que vendeu seu voto por um valor que, diluído em 48 meses, tempo dos quatro anos de mandato, não compensaria. "O que é isso quando ele não vai ter uma saúde melhor, hospital, educação, estrada, segurança e perspectiva de emprego e lazer para a sua família?", questionou.
O comunista afirmou que essa seria a reflexão que precisa ser feita no Estado. Ele contou ter se surpreendido com o que aconteceu em seu município, Crateús, onde não conseguiu reeleger o atual prefeito. "Tínhamos o título de sermos a cidade com o menor custo eleitoral do Ceará, conforme dados do TRE".