Vinte e quatro por cento dos fortalezenses relatam ter sofrido assalto ou tentativa de assalto neste ano. As vítimas são, principalmente, jovens e pessoas com ensino superior. Os dados são da pesquisa O POVO/Datafollha. Ainda de acordo com o levantamento, 76% dizem não ter sofrido esse tipo de crime em 2016.
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Conforme Marcos Silva, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), os números são “alarmantes”. Considerando famílias de quatro membros, todos os fortalezenses já foram ou tiveram alguém da família entre os afetados pelos crimes.
Para o pesquisador, os dados podem explicar a sensação de insegurança na Capital, apesar dos esforços das forças de Segurança Pública em reduzir a criminalidade. “Antigamente, havia o discurso de que um cruzamento era perigoso. Hoje, a sensação de insegurança é alta, não existem mais pontos fixos”, diz.
A pesquisa ouviu 864 pessoas, entre os dias 22 e 23 deste mês, em Fortaleza. Participaram do levantamento eleitores com 16 anos ou mais. A margem de erro é de três pontos percentuais — para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com o número CE-02799/2016.
Jovens
Do total de entrevistados, os dois grupos mais jovens são os que concentram maior número de vítimas. 35% das pessoas entre 16 e 24 anos disseram ter passado por situação desse tipo de violência. Entre aqueles de 25 a 34 anos, 30% vivenciaram tentativa de assalto neste ano.
Pessoas com ensino fundamental somam 17% das vítimas, enquanto as com ensino médio são 26%. O percentual cresce entre pessoas com ensino superior, que são 30% dos alvos. “Cada vez a violência objetiva (aquela de quem realmente vivenciou o crime) se aproxima da subjetiva (daqueles que não sofreram diretamente, mas que o nível de medo os atingiu)”, ressalta Marcos Silva.
ANTIGAMENTE, HAVIA O DISCURSO DE QUE UM CRUZAMENTO ERA PERIGOSO. HOJE, A SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA É ALTA, NÃO EXISTEM MAIS PONTOS FIXOS”
Marcos Silva, pesquisador do LEV da UFC e professor da Unilab
Saiba mais
Considerando o eleitorado dos candidatos à Prefeitura de Fortaleza, a pesquisa apurou ainda que, dentre as vítimas de assalto ou de tentativa de assalto, 31% são eleitores do Capitão Wagner (PR) e 30% do Heitor Férrer (PSB).
Os dois grupos somam mais da metade das vítimas. 22% dos eleitores de Luizianne Lins (PT) afirmaram ter sido vítima.
Entre os quatro primeiros colocados na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, o menor número de vítimas está entre os eleitores do atual prefeito, Roberto Cláudio, que somam 20% dos entrevistados que vivenciaram tentativa de assalto.