Candidato do PR à Prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner afirmou ontem que, caso eleito, estudará doação de terrenos para moradias “a preço de custo” para policiais militares. Segundo ele, a cessão seria feita através de convênios com associações e poderá ser negociada também com diversas outras categorias do serviço público.
A declaração foi feita durante participação de Wagner em sabatina realizada na manhã de ontem pela Rádio O POVO/CBN. O tema entrou em pauta após o candidato ser questionado sobre gravação – que circula na Internet – na qual ele apresenta a proposta em conversa com PMs. “Projeto de habitação a gente consegue pela Prefeitura”, diz Wagner no áudio.
“A Prefeitura pode ceder um terreno, em parceria com associações, para que elas construam casa a preço de custo, e aí passam para vocês”, continua. Perguntado se a proposta não seria um direcionamento para a categoria, o candidato negou e disse “não ver problema” na ideia.
“A Prefeitura pode ceder para associações”, defendeu.
Em seguida, respondendo se isso não seria espécie de “barganha”, Wagner disse:
“É barganha para o bem da sociedade, não para me beneficiar”. Ele destaca que a fala não pode ser isolada do contexto da conversa com grupo de policiais. “Era uma conversa com PMs. Se tiver conversando com professor, vou tratar das demandas do professor”, afirmou.
Capitão Wagner destacou que doações do tipo já ocorrem, como em casos em que a Prefeitura repassa terrenos a sindicatos para construção de áreas de lazer. “Até empresas recebem”, frisa. Wagner assinala, entretanto, que está disposto a estender a proposta para outras categorias. “Qualquer público que nos procurar com uma demanda, vamos estudar.”
PM representada
O candidato também foi questionado sobre outro momento da gravação, na qual destaca sua eleição como forma de ampliar a representatividade de militares. “Eleito, deixo de ser deputado e passo a ser prefeito. Aí a gente vai negociar não só a nível de governo do Estado, não.
É a nível nacional, amigo. Que candidato a presidente não quer apoio do prefeito?”.
Wagner considerou que a intenção da fala era garantir “maior representação política” possível pra a categoria. Ele destaca, porém, que sua coligação possui candidatos de diversas categorias.
“A conversa era direcionada a militares, mas todos têm chance de ganhar a eleição, policiais, radialistas, líderes comunitários”, disse.
Ideologia e Guarda
O candidato do PR falou sobre a remoção de trechos sobre combate à homofobia e discriminação de gênero do Plano Estadual de Educação, aprovado neste ano na Assembleia. Wagner, que é deputado estadual, disse ser contrário à inserção da “ideologia de gênero” no plano.
“Sou contrário. Não tenho nada contra homossexuais, inclusive tenho um irmão homossexual e muitos amigos. Respeito qualquer direito previsto na lei, mas, no nosso plano, sou contra. Sexualidade tem que ser discutida em casa, com os pais. Não é um professor, que está sobrecarregado, que tem que ajudar a definir a sexualidade de uma criança”, falou.
Wagner chegou a ser questionado sobre o uso da expressão “ideologia de gênero”, sendo destacado que os pontos suprimidos do texto falavam especificamente sobre o combate à discriminação e ao preconceito.
Ele rebateu: “O respeito a todos é importante e será tratado (numa eventual gestão do candidato). O que não respeito é privilegiar uma minoria ou outra. Ela tem que ser respeitada, inserida como está na sociedade, mas não aceito privilegiar seja quem for, isso acaba destruindo a sociedade”.
Capitão Wagner também reforçou proposta de ampliar para até 4 mil pessoas a Guarda Municipal de Fortaleza, que seria treinada e equipada com armas de fogo. “Não se trata aqui de reprimir o crime, mas sim proteger o cidadão.”
O postulante afirmou que, na “ponta do lápis”, a proposta de armar a Guarda custaria, somando compra de equipamento, treinamento e avaliações, cerca de
R$ 15 milhões. “Hoje a Prefeitura gasta R$ 56 milhões com segurança privada. Então não é nenhum absurdo”, defendeu.
SERVIÇO
Sabatina com os candidatos à Prefeitura
Quando: hoje, 23, às 11 horas
Onde: Rádio O POVO/CBN (95,5) e Facebook da Rádio O POVO/CBN
Entrevistado: Roberto Cláudio (PDT)
O POVO online
Assista à entrevista em: www.facebook.com/opovocbn/videos/
SAIBA MAIS
Questionado sobre recente episódio no qual um policial civil e um militar se envolveram em uma troca de tiros, Wagner atribuiu o acidente à falta de treinamento em ambas as instituições policiais.
Ele afirmou que, para evitar isso, sua gestão investiria, a longo prazo, em uma academia para cursos de reciclagem e avaliações para guardas municipais. “Isso a longo prazo. Não dá para fazer isso logo no 1º ano.”
Wagner rejeitou que suas propostas tentam “compartilhar” prerrogativas da PM. “Hoje você tem PMs escoltando presos no IJF e seguranças privados em escolas e creches, quando deveria ser a guarda. Nós vamos só cumprir o que é para o município cumprir.”
O candidato reforçou, no entanto, proposta de manter guardas armados à paisana em ônibus. “É só atuar com inteligência, se basear na estatística e mapear os assaltos.”
ENTREVISTADORES
Maisa Vasconcelos
Mediadora e apresentadora do programa Revista O POVO/CBN
Demitri Túlio
Repórter especial e colunista do O POVO
Fábio Campos
Colunista de política do O POVO
Mariana Lazari
Editora-adjunta do núcleo de Cotidiano do O POVO