O candidato à Prefeitura de Fortaleza Heitor Férrer (PSB) defendeu ontem a saída dos feirantes da rua José Avelino, no Centro. De acordo com ele, “tem que desocupar aquela área para uma atividade econômica em outro local”. A declaração foi dada na quarta entrevista da série de sabatinas da rádio O POVO/CBN com os candidatos.     Heitor, no entanto, descarta a simples retirada dos comerciantes. “No momento em que se estrangula a atividade econômica, se cria uma marginalidade”, disse. Segundo o candidado do PSB, a solução é conversar e “tomar todas as medidas legais cabíveis” para a desocupação.     “Você não pode ter uma cidade invadida por uma atividade comercial que o município tem que regulamentar. Ele tem que cobrar os impostos de quem tem atividade econômica, não se pode deixar que se enriqueça sem contribuir para o poder público”, defendeu.     Heitor falou também sobre a polêmica proposta de reduzir pela metade o número de fotossensores em Fortaleza. Carro-chefe de sua campanha, a sugestão gerou um dos momentos mais tensos da sabatina, quando o candidato se exaltou ao ser questionado se não seria um “paradoxo” ou “contrassenso” defender a medida enquanto tem 11 multas e 50 pontos na carteira de motorista.    “Logicamente não é um contrassenso. Meu caráter não muda porque eu fui multado, isso não muda minha conduta política”, respondeu. “Eu não estou preocupado comigo, estou preocupado com a vida, estou preocupado com o cidadão que não tem proteção nos lugares que devia ter”, disse, referindo-se a fotossensores não sinalizados.     Questionado se a proposta não seria “deseducativa”, o candidato voltou a afirmar que não. “Esses fotossensores, que são assaltantes silenciosos, não estão cumprindo o papel pedagógico, educativo. Eles existem não para evitar a morte e o acidente, mas apenas para arrecadar do cidadão.”    Heitor citou pesquisas que colocam Fortaleza como a capital que mais arrecada, mas também a que mais tem mortes no trânsito.    “A Prefeitura vem assaltando o cidadão há muito tempo e não vem evitando a morte.”    O candidato do PSB respondeu ainda perguntas sobre regulamentação do Uber e armamento da Guarda Municipal, temas em evidência nestas eleições. Sobre o aplicativo, ele afirmou que pretende discutir com os taxistas “e descobrir qual é o melhor caminho para que eles não sejam prejudicados nas suas atividades econômicas”.     Segundo Heitor, o modelo, da forma como está, torna a competição com a categoria inviável, podendo levá-la à “extinção”.     Em relação ao armamento da Guarda, Heitor reafirmou posição contrária. “A minha tese é de que quando você arma esse cidadão, você dá mais uma ponta de luz para a violência aumentar. Eu estaria trocando um computador que alguém vai querer roubar no posto de saúde por uma vida”, justificou.     Saída do PDT   O candidato também comentou saída do PDT no ano passado, quando o partido filiou os Ferreira Gomes e o prefeito Roberto Cláudio (PDT). Crítico ao grupo, Heitor falou sobre a relação com o presidente estadual da legenda, o deputado federal André Figueiredo. “Quero muito bem ao André, o considero uma pessoa leal e sincera.”      Perguntado sobre o fato de ter tido candidatura preterida em favor de RC, ele disse que a decisão veio de Brasília. “Eu respondo com uma pergunta: Cadê o André Figueiredo presidente do PDT? Ele, hoje, é uma figura apagada porque essa é a vocação dos Ferreira Gomes, quando chegam num partido, os históricos se acabam”, criticou.     “Esse prejuízo que eu tive de passar 30 anos no partido, e que saí sem queixa nenhuma, mas entristecido, eu sinto hoje que os companheiros históricos devem estar sentindo na pele”, continuou. “É o que faz a convivência com quem não tem nenhuma vocação de ser partido político”, falou sobre os irmãos Ciro, Cid e Ivo Gomes.     Hoje, o entrevistado será o candidato Ronaldo Martins (PRB). A conversa, que estava marcada para a última segunda-feira, 19, foi transferida para hoje por causa de sua agenda em Brasília.       SERVIÇO       Sabatina com os candidatos à Prefeitura   Quando: hoje, 21 de setembro Onde: Rádio O POVO/CBN (95,5) e Facebook da Rádio O POVO/CBN, às 11 horas Entrevistado: Ronaldo Martins (PRB)   O POVO ONLINE     Assista à entrevista em:   www.facebook.com/opovocbn/videos/   SAIBA MAIS     Na sabatina, Heitor Férrer (PSB) falou sobre proposta de garantir atendimento médico em casa a pessoas que não têm condições de se deslocar aos postos de saúde e hospitais municipais, como idosos e inválidos. Questionado sobre a viabilidade da ideia, levando-se em consideração que muitos não conseguem atendimento nem quando vão até os locais de consulta e emergência, ele disse que a medida era “muito fácil”. “É tão simples você pegar um cadastro, você detectar que aquele cidadão não anda mais, e você, cadastrando, quando essa pessoa ligar pro poder público, mandar uma equipe pra sua casa.”     Ao responder à pergunta, o candidato defendeu a proposta, afirmando que ela é “uma obrigação do poder público, porque a saúde é uma garantia institucional”. “E quem não pode ir, é justo que morra sem atendimento? O poder público é obrigado a atender com os impostos que arrecada a atender quem não pode ir”, disse.    ENTREVISTADORES     Maísa Vasconcelos   Mediadora e apresentadora do programa Revista O POVO/CBN   Cinthia Medeiros   Editora-executiva do núcleo de Cultura do O POVO   Henrique Araújo   Editor-adjunto do núcleo de Conjuntura do O POVO      Plínio Bortolotti   Diretor Institucional do O POVO