O candidato à Prefeitura de Fortaleza Francisco Gonzaga (PSTU) afirmou que, embora seja contra o armamento da Guarda Municipal, faria a medida se os conselhos populares a aprovassem. “A nossa posição é contra o armamento, mas é claro que vamos ouvir através dos conselhos populares, e o que for decidido nós vamos implementar”, disse, em entrevista à Rádio O POVO/CBN na manhã de ontem.
Ele foi o segundo entrevistado da série de sabatinas realizada pela Rádio com os candidatos em Fortaleza. Entrevistaram Gonzaga o editor-adjunto do núcleo de Conjuntura, Henrique Araújo, a editora-executiva do núcleo de Cultura e Entretenimento Cinthia Medeiros e o jornalista do O POVO Plínio Bortolotti, com a mediação de Maísa Vasconcelos, apresentadora do programa Revista O POVO/CBN.
“Armar a Guarda é estar a serviço dos grandes empresários para bater em trabalhador que faz greve”, disse, ainda respondendo sobre a questão, que mencionava pesquisa do O POVO/Datafolha que afirmou que 71% da população de Fortaleza é favorável à medida. Questionado sobre o mesmo ponto, o candidato do Psol, João Alfredo, que também defende gestão com ampla participação popular, afirmou que não daria armamento à categoria, mesmo que fosse a vontade da maior parte da Cidade.
Gonzaga também defendeu o fim da Polícia Militar (PM), argumentando que ela tem uma “estrutura ultrapassada”. “Teria que ser uma polícia civil, unificada e eleita pelos conselhos populares e trabalhadores, para ficar a serviço da segurança deles”, afirmou.
O socialista também falou de outros pontos polêmicos sobre a Cidade debatidos neste pleito. Sobre o Uber e o “táxi amigo”, ele tem opiniões diferentes, mesmo sendo serviços parecidos. Em relação ao aplicativo de caronas pagas, ele é contrário à regulamentação, permanecendo o serviço proibido. Já o “táxi amigo” seria regulamentado.
Ele explica que há uma diferença entre os serviços que embasa sua opinião. “O Uber é uma empresa multinacional que explora os funcionários. Ela é diferente do dono de casa que tem seu carro e quer fazer dele seu ganha pão”, argumentou. O aplicativo, segundo ele, só “leva o dinheiro para fora do Brasil”.
O candidato prometeu passe livre no transporte público para toda a população e não só para os estudantes, como defendem a maior parte dos candidatos. Ele acredita ser possível conceder o benefício ainda no primeiro mandato de uma eventual gestão sua. Questionado sobre quem pagaria as passagens, ele disse que o transporte público seria estatizado, assim como os principais serviços à população.
Outra proposta que vem sendo defendida neste pleito é o fim dos terminais de ônibus. Gonzaga se contrapõe à medida, afirmando que “se precisar construir mais terminais de ônibus, nós vamos construir”. Já sobre o fim das secretarias regionais, ele afirma que quer transformá-las em conselhos populares.
Impeachment de Dilma
Gonzaga também falou sobre o racha sofrido pelo PSTU por causa da posição da sigla frente ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A divisão aconteceu porque uma ala do partido defendeu a permanência de Dilma - saindo da legenda e formando o grupo “Mais”, que está apoiando o Psol nas eleições municipais de Fortaleza -, enquanto outra posicionou-se favor da saída dela.
Respondendo a uma pergunta sobre isso, Gonzaga disse que “se o impeachment foi golpe, a cassação de (Eduardo) Cunha também foi”. “Golpe”, completou, “quem sofreu foram os trabalhadores, com o ajuste fiscal”. Com a campanha centrada na palavra de ordem “Fora, Temer, fora todos eles”, o candidato afirmou que não era contra somente o presidente Michel Temer (PMDB), mas a toda a classe política, “que governa para os ricos”. “Fora todos eles no sentido de chamar os trabalhadores, de chamar eles pra decidirem os rumos políticos do nosso País”.
A série de sabatinas continua com os outros seis candidatos. O primeiro a ser entrevistado foi João Alfredo (Psol) e a próxima será Luizianne Lins (PT), amanhã.
SERVIÇO
Sabatina
Quando: hoje
Entrevistado: O candidato Tin Gomes (PHS) havia confirmado presença, mas desistiu. Por isso, os jornalistas Demitri Túlio, Mariana Lazari e Fábio Campos debaterão temas da Cidades.
Onde: Rádio O POVO/CBN (95,5) e Facebook da Rádio O POVO/CBN
O POVO online
Assista à entrevista em: wwww.facebook.com/opovocbn/videos/
SAIBA MAIS
Francisco Gonzaga disse que a diferença da sua gestão em relação a dos outros políticos é que ele governaria “com os trabalhadores”. Questionado, então, sobre porque o PSTU nunca consegue muitos votos, mesmo se definindo como a opção de voto para a classe, respondeu: “Isso é fruto da ideologia, as eleições são jogo de cartas marcadas. Quem entra e tem muitos recursos, é quem aparece mais. Eles falam tudo que os trabalhadores querem ouvir. Mas, depois de eleitos, eles desaparecem. O PSTU fala que não é só pedir o voto e dizer que está resolvido”, argumentou.
Também questionado sobre a liderança do PSTU em movimentos grevistas que podem atrapalhar a vida de trabalhadores, como a greve dos transportes públicos, ele disse que “a greve é uma expressão de luta por melhores condições de vida. Quem diz que a gente usa isso pra se favorecer eleitoralmente, está mentindo”.
ENTREVISTADORES
Maisa Vasconcelos
Mediadora da sabatina e apresentadora do programa Revista O POVO/CBN
Cinthia Medeiros
Editora-executiva do núcleo de Cultura e Entretenimento do O POVO
Henrique Araújo
Editor-adjunto do núcleo de Conjuntura do O POVO
Plínio Bortolotti
Jornalista e Diretor Institucional do Grupo de Comunicação O POVO